Com o processo de globalização intensificou-se o contato entre os povos e culturas, possibilitando assim a troca de tradições entre esses. Nessa perspectiva, segundo o sociólogo polonês Zygmunt Bauman, "na pós-modernidade, as comunidades não tem como manterem 'puras' suas tradições, não podem manter-se intransponíveis as fronteiras". Sendo assim, faça-se necessária a análise da problemática. Em primeiro lugar, apropriação cultural é um termo antropológico, que é entendido como o uso de elementos típicos de determinada cultura por indivíduos pertencentes a grupos culturais diferentes, fazendo com que esse perca seu significado histórico. Entretanto, deve-se haver o discernimento entre, a identificação e assimilação de um indivíduo com uma cultura, e a esterotipização dessa pelo mesmo. A exemplo disso, no Brasil o samba e a capoeira iniciados pela comunidade negra, hoje são apreciados por todos, independente da etnia, e não perderam seus significados histórico-cultural. Em segundo lugar, a liberdade individual é assegurada pela Constituição Federal, garantindo dessa a forma livre escolha dos cidadãos em relação ao uso de símbolos de diferentes grupos étnicos - não sendo, portanto, ato criminoso o uso desses. Nesse viés o uso de turbante - comum na comunidade afrodescendente – que ganhou notoriedade pelo fato de uma garota branca tê-lo usado, não infringi a legislação. Ademais, deve-se salientar que tal vestimenta não é elemento exclusivo da cultura brasileira. Sendo esse utilizado por diferentes grupos culturais e com diferentes significados - como os hindus, mesopotâmicos, persas e indianos. Destarte, fica evidente que o conceito de apropriação cultural deve ser reavaliado, a fim de que os diferentes grupos possam conviver em harmonia. Para tanto, é imprescindível a parceria entre Estado e instituições de ensino. Sendo assim, cabe ao Estado o dever de zelar pela memória cultural das diversas comunidades brasileiras, por meio da criação de acervos e museus que relatem a história desses. Por fim, cabem as instituições de ensino o dever de expor aos jovens, o valor cultural dos elementos e símbolos, com intuito que esses sejam usados sem perder seus significados na cultura brasileira.