Título da redação:

Fruto de outrora

Proposta: A questão da apropriação cultural no Brasil

Redação enviada em 30/06/2018

A cultura é vista como a manifestação de um grupo, por meio das roupas, costumes e tradições. De modo que, esse fator, influencia na distinção de indivíduos dentro de um contexto social. Quando dado indivíduo toma para si um elemento da cultura de outro, em detrimento desse, é vislumbrado o conceito de apropriação cultural, que no Brasil, evidencia contradições e revela a segregação social. Dandara Castro, negra e estudante universitária em Uberlândia, teve a infelicidade de sofrer uma agressão racista, na qual, segundo relatou à imprensa, formandos de engenharia civil, presentes na festa que ela prestigiava, puxaram à força o seu turbante e o arrancaram. Por outro viés, o turbante é visto sendo enaltecido como tendência de moda, em modelos brancas, de uma campanha da marca de roupas “Farm”. Destarte, há um contraponto, pois, ser negra e usar um elemento representativo da cultura africana incita incômodo, já quando esse elemento é retirado de uma visão étnica, e é enaltecido pela indústria comercial, a situação muda. De fato, a questão supracitada exemplifica a apropriação cultural, por descontextualizar e mercantilizar um objeto cultural sem levar em consideração o que ele representa, e como ele é entendido em outras situações. Ademais, o que endossa esse debate, é a construção histórica do Brasil, pois, assim como o antropólogo Darcy Ribeiro relatou, o país deixou a escravidão tardiamente e se fundamentou na segregação. Com isso, a expressão da minoria negra, por tanto tempo marginalizada, é vista como uma afronta às classes dominantes e detentoras do capital, que visam impor estereótipos sociais, ao deslegitimar costumes que fogem do modelo, com ações preconceituosas. Em suma, a problemática instaurada é exposta em situações cotidianas e é fortalecida pelo passado histórico. Para o entendimento e a mudança desse cenário, é preciso promover a discussão em todas as esferas educacionais, por meio da realização de fóruns, com a ajuda de antropólogos, professores e sociólogos, e dentre outros profissionais capacitados. Além disso, é necessária a mobilização do Ministério da Cultura para fomentar eventos, que façam a população entrar em contato com culturas como a de matriz africana, por meio da história e dos costumes. Só desse modo, as raízes históricas serão quebradas e uma sociedade crítica com respeito mútuo será construída.