Título da redação:

É preciso discernir: sincretismo não é apropriação

Tema de redação: A questão da apropriação cultural no Brasil

Redação enviada em 27/02/2017

Muito tem-se questionado sobre a questão da apropriação cultural no Brasil. Recentemente, dois casos relacionados ao uso de turbantes receberam destaque social. Um deles está associado a apropriação cultural. Já o outro, é sinônimo de sincretismo cultural. Logo, é imprescindível ater-se as diferenças entre os dois processos. A apropriação é tomar para si elementos específicos da cultura alheia. Disseminando a ideia de que tais objetos nunca pertenceram aquele grupo. O caso das modelos e atrizes, exclusivamente brancas, que posaram com turbantes étnicos retrata essa realidade. Neste caso, excluiu-se as modelos negras e exacerbou-se mulheres brancas com uma vestimenta característica de grupos negros. Já em relação ao sincretismo cultural, tem-se uma aglutinação de culturas. Uma espécie de “mescla”, na qual elementos de outros povos são incorporados naturalmente, sem o intuito de marginalizar nenhum grupo. O problema, surge quando partes dos brasileiros não sabem distinguir sincretismo de apropriação cultural. O relato nas redes sociais de uma garota branca que fez uso do turbante e foi hostilizada por mulheres negras, representa esse não discernimento. Nitidamente, um caso de junção cultural foi tratado como apropriação identitária por tais mulheres. Subentende-se, portanto, que existe uma enorme diferença entre apropriação e sincretismo cultural. Sendo necessário distinguir entre ambos. Essa distinção dar-se-á com uma avaliação sobre os dois processos. O primeiro é sinônimo de roubo e exclusão cultural. O segundo remete a miscigenação, a união de culturas. Só assim, poder-se-á evitar a repetição de casos como o da menina do turbante, vítima da ignorância alheia.