O termo apropriação cultura, uso de elementos típicos de determinada cultura por pessoas pertencentes a um grupo cultural diferente, tem sido alvo de debates recentes. No entanto, muitas pessoas tendem a relaciona-lo exclusivamente a um determinado post que viralizou na internet, onde uma adolescente branca narra ter sido repreendida por uma mulher negra por usar um turbante, símbolo da cultura africana, o que consiste em uma relação errônea. A verdade é que ao fazer uma análise mais profunda acerca do conceito antropólogo, percebe-se que a verdadeira base da insatisfação de muitas pessoas está na negação da origem do objeto ou costume apropriado. Partindo desse princípio, é possível afirmar que o Brasil é um país miscigenado, mas ainda sofre com resquícios de seu passado histórico. Muitos elementos de culturas adversas a dos europeus foram fortemente reprimidos e esses indivíduos, tidos como incivilizados, passaram a ser mal vistos pela sociedade, como os negros e indígenas. Contudo, com o decorrer dos anos a fusão de elementos culturais passou a caracterizar a identidade brasileira, mas isso não invalidou o caráter eurocêntrico que envolve o país. Nesse contexto, é incontrovertível que o o eurocentrismo pode ser observado na moda ou até mesmo em situações casuais. O acessório turbante, por exemplo, foi lançado recentemente como tendência, porém as campanhas e capas de revistas fizeram uso estrito de modelos brancas para divulgar o produto. Já no cotidiano, situações que envolvem aversão a certos grupos, por influência do uso de seus elementos culturais, são constantes, ao passo que, há um certo "eudeusamento" quando o individuo branco o faz. Outro assim, destaca-se também a desvalorização do significado cultural à medida que algo é comercializado. Ao se tratar de apropriação cultural, portanto, exige-se um reflexão maior acerca do conceito e de seus desdobramentos. Diante disso, é imprescindível que o Ministério da Educação atue em conjunto com o Ministério da Cultura através de programas que visem abordar o tema, como palestras escolares e propagandas de desmistificação, além da aplicação de aulas voltadas ao conhecimento de diversas culturas, para que assim, as pessoas se atentem a quebra do eurocentrismo e aos frutos do Catalismo, tornando-se mais tolerantes e reconhecendo a miscigenação brasileira.