Ao falar em apropriação cultural, seja no Brasil ou nos demais países do mundo, é impossível não enfatizar os grupos, principalmente minorias, aos quais esse conceito se remete. De fato, não existe cultura pura, mas, muitas vezes, o ponto de vista prático antagoniza-se com o ideológico, e é aí que o embate se inicia. Recentemente no Brasil, episódios em que mulheres brancas foram abordadas por estarem utilizando turbantes, dreads e até mesmo roupas com estampas afros levantaram e salientaram o debate sobre a apropriação cultural. No entanto, a causa de toda essa repercussão pode ser explicada pelos dois pontos de vista que a separa. A visão do negro, que ao usar tais objetos é menosprezado, e a visão do branco, o qual é visto como livre para usar quando e como quiser. De fato, não se pode dizer que não há, no Brasil, uma miscigenação excessiva quando comparada a outros países; ademais, deve-se ter em mente que a assimilação desses elementos culturais graças às migrações -forçadas ou não- estão presentes no cotidiano do Brasileiro. Porem, percebe-se que tais elementos, quando utilizados pelo povo que os trouxe, ou seja, o povo africano, a raça negra, sao difamados com preconceitos e olhares tortos. Entretanto, a isso não é aderido a devida repercussão desfavorável a tais tipos de insultos. Do ponto de vista estético, o turbante, que tem levantado a maioria dessas polêmicas, é apenas mais um elemento agregado à cultura brasileira graças a antecedentes históricos como a escravidão, assim como toda a bagagem cultural que o povo brasileiro carrega hoje, como a comida, a música, as religiões e palavras presente no cotidiano. Sendo assim, a luta deve ser não pelo questionamento se um branco deve ou nao usá-lo, e sim para que, independente de como é usado, ter-se em mente as origens e respeitá-las, para tanto negros quanto brancos sejam vistos como iguais ao utilizar objetos que remetem à sua cultura ou a de outros, sabendo sustentar um ponto de vista ideológico como as lutas do povo negro pelo reconhecimento, e, ao mesmo tempo, mostrando que a prática pode coexistir com ambas as raças, seja por experiência estética ou como parte de uma luta pelas minorias.