Para muitos sociólogos, o que nos define, em um sentido mais expressivo, dos demais animais, é a nossa capacidade de produzir cultura. Mas será que, pelo fato de uma etnia específica ter produzido determinada cultura, faz essa ser uma propriedade étnica? O Brasil, graças a sua relação com os lusitanos a partir do século XVI e a sua interação com o restante do mundo no século XX, o fez ser, hoje, um país aculturado, ou seja, sem uma cultura preponderante. Isso demonstra que o Brasil possui tantas raças, etnias e culturas diferentes que nenhuma delas conseguem se sobressair as demais. Mas, consequentemente, em meio a tanta diversidade, há sempre algum indivíduo que pode julgar sua cultura como sendo superior, e a tornando propriedade étnica, que acaba por aumentar a segregação em um país tão miscigenado. A disputa pela posse e reconhecimento de uma cultura poderá aumentar o individualismo humano e diminuir a empatia, essa que deveria ser reconhecida como essencial ao convívio em sociedade. O Brasil globalizado ainda não aprendeu por completo a conviver com as diferenças, e a necessidade de alguns em afirmar suas raízes e ancestralidades não os permitem perceber que nenhuma raça ou ser humano pode ser dono de uma cultura. Qualquer cultura produzida por qualquer indivíduo pertence ao ser humano como um todo, e jamais poderá ser utilizada para segregar a sociedade. Portanto, como já foi explicitado por Pitágoras, é preciso educar as crianças para que não seja necessário castigar os homens, logo, o Ministério da Educação deve implementar no currículo escolar das crianças e adolescentes aulas voltadas a cidadania. Dessa maneira, a tolerância cultural poderá aumentar, e a discriminação por quem usa algum elemento étnico irá diminuir. O enaltecimento a empatia adjunto ao combate ao individualismo irá tornar o Brasil um lugar mais humano.