A apropriação cultural, sob a visão da antropologia, se refere à adoção por determinados indivíduos de elementos de uma cultura diferente da sua e o conceito frequentemente recebe conotação negativa. Esse viés, no entanto, sugere a isolação de grupos com diferentes culturas, uma vez que vê a dinâmica cultural e a miscigenação como acontecimentos prejudiciais à cultura e perde sentido em uma análise mais apurada. A cultura humana é o conjunto de características de um certo grupo em suas obras, ações e crenças. Essa definição, comumente aceita, permite inferir que a cultura de uma população é dependente de seu modo de vida. Desse jeito, sofre influências de diversos elementos, o que permite classifica-la como dinâmica. Assim, admitir a apropriação é ver a cultura como algo estático e característico de um e apenas um grupo, sem levar em conta as interações entre diferentes populações. O contato entre diferentes povos é muito raramente benéfico para todos os lados, visto que possuem diferentes interesses. Apesar disso, o contato sempre permite o intercâmbio cultural e tanto beneficiado como prejudicado são influenciados pelo outro povo. Seja no período das Grandes Navegações ou no período da internet, a relação é de troca, não de apropriação. No mundo atual, por exemplo, os turcos, apesar do preconceito sofrido, espalharam seus hábitos alimentares por toda a Europa, com destaque para o Kebab, ao mesmo tempo em que foram invadidos pelas línguas e ideais ocidentais. Assim, é possível concluir que a apropriação cultural inexiste e os eventos que sofrem tal classificação são explicados pela dinâmica cultural humana. Os problemas decorrentes das diferentes visões sobre a miscigenação cultural podem ser resolvidos por meio de debates em nível nacional que tenham a participação de grupos que se veem como vítimas da apropriação cultural e grupos críticos do conceito. As discussões devem ser prioritariamente feitas em escolas e na televisão, visando levar a questão e suas implicações para todos os brasileiros.