Título da redação:

Apropriar é discriminar e esquecer

Tema de redação: A questão da apropriação cultural no Brasil

Redação enviada em 03/10/2017

A nação brasileira se construiu, desde o princípio, a partir da diversidade de culturas que compôs o país ao longo da história, apresentando uma dinâmica de junção e criação de costumes e hábitos. No entanto, apesar de constituir a pluralidade nacional, a apropriação cultural possui grande potencial negativo, podendo gerar a degradação de certas culturas e povos. Nesse sentido, vale citar o recente caso que suscitou a discussão acerca dessa questão. Uma mulher branca usava um turbante no meio público em função de sua doença e foi abordada por ativistas negras que reprovavam o uso da vestimenta. Tendo isso em vista, nota-se que o turbante não é apenas um acessório, ele carrega consigo um valor simbólico, isto é, é representante histórico da resistência negra. Sendo assim, uma pessoa branca ao usá-lo estaria retirando o significado antropológico daquele objeto. Portanto, nesse caso, prevalece uma visão mais ampla e cultural sobre a liberdade individual devido aos efeitos sociais dessa ação. Generalizando, a apropriação cultural é capaz de banalizar importantes símbolos, apagando a memória étnica e a luta dos povos oprimidos. Outrossim, esse processo de perda de significados perpetua e sustenta os inúmeros preconceitos no Brasil. Então, a ignorância e o esquecimento coletivo desses elementos simbólicos omitem o debate sobre o respeito das diferenças, ou sobre a importância dos povos nativos para o patrimônio cultural brasileiro, ou, até mesmo, sobre o erro histórico que foi a escravidão negra no passado. Por conseguinte, o racismo e a redução de terras e de direitos aos indígenas são quadros que recrudescem constantemente. Esses fatores apontam para uma dominação cultural que opera no país. Logo, a identidade nacional dependeu de cada cultura dos povos integrantes da nação. Contudo, conclui-se que a apropriação cultural é perigosa, já que é ferramenta de certas discriminações e imperialismos. Desse modo, é função do Ministério da Educação promover discussões nas escolas públicas acerca da relevância dos símbolos para a manutenção da diversidade étnica, objetivando incitar nos jovens o respeito às diferenças e o pensamento crítico pautado na Antropologia. Além disso, é dever do Estado conter o racismo atual, incentivando a população, mediante propagandas, que denunciem casos de preconceito racial e diminuindo a desigualdade com a ampliação das políticas afirmativas. Por fim, associado à Funai, o poder público deve assegurar o direito de terras aos nativos, impedindo a expansão ilegal dos latifúndios, assim, preservando a memória cultural e histórica desses povos.