Título da redação:

Apropriação cultural não existe

Tema de redação: A questão da apropriação cultural no Brasil

Redação enviada em 24/10/2017

A Igreja Católica, no período colonial, não se opunha a escravização do negro africano, pois, segundo ela, esse indivíduo era um pecador que cultuava entidades do mal e que precisaria deixar essa cultura animalesca e trabalhar arduamente para conseguir a salvação. Como consequência disso, “a sociedade que era muito religiosa” condescendia-se com a exploração dos escravos e refutava a cultura dos negros, que tiveram que lutar e conseguiram manter vivas as tradições e seus símbolos culturais, que são usados, atualmente, como expressão da resistência afrodescendente. Contudo, esses símbolos de resistência negra estão sendo ostentados por pessoas brancas, o que trouxe a tona a questão da apropriação cultural. Mas, será que essa apropriação realmente existe? Alguns grupos, principalmente, de militâncias negras alegam que, nos últimos anos, está acontecendo uma apropriação cultural, ou seja, a incorporação de elementos próprios de uma cultura, como os turbantes e os dreads, por outra cultura, geralmente, a dominante. Entretanto, não existe uma apropriação cultural e sim, uma desapropriação, tendo em vista que não há uma incorporação, mas uma valorização de uma cultura, normalmente para fins comerciais, por meio da exclusão dos detentores de sua posse, as minorias. Exemplificado, por campanhas publicitárias como a da Arezzo, que mostram o turbante como tendência do alto-verão e que usam como garotas propagandas mulheres brancas, uma vez que em um país racista como o Brasil, as negras não são símbolo de sofisticação e elegância. Como Reflexo disso, têm-se o esvaziamento dos sentidos culturais que elementos, como o turbante, têm e a banalização do histórico de resistência das minorias no Brasil. Depreende-se, portanto, que existe uma desapropriação cultural. Sendo necessário, que o legislativo crie uma cota para negros em campanhas publicitárias e produções midiáticas televisas, ampliando a visibilidade do negro na sociedade. As militâncias negras podem promover oficinas de danças, palestras e debates sobre a cultura afrodescendente e criar sites que divulguem as ideias do movimento, os históricos dessa cultura e que tragam dicas para o empoderamento feminino, principalmente, em relação à estética, haja visto a falta de representatividade da beleza negra em uma sociedade que tenta a todo custo se embranquecer.