O uso de aplicativos de celular tem regido o cotidiano de pessoas no mundo todo visto a acessibilidade e praticidade que oferecem, características muito valorizadas no contexto do mundo contemporâneo. Com isso, a abrangência dessa ferramenta vai do acesso à redes sociais, serviços de delivery e até mesmo de transportes. Esse último é, atualmente, alvo de polêmicas no Brasil com o surgimento do Uber, um serviço alternativo que desencadeou protestos violentos pela sua concorrência com os táxis. O diferencial desse novo sistema é a qualidade. Enquanto usuários dos táxis reclamam de más condições de higiene dos carros, arrogância dos motoristas e, sobretudo, dos preços altos, os adeptos do aplicativo elogiam o transporte nesses mesmos aspectos. Essas disparidades entre o serviço prestado por ambos têm, portanto, catalisado o sentimento de rivalidade e injustiça dos taxistas frente a notável ascensão da plataforma Uber, o que impossibilita, muitas vezes, a reflexão sobre a necessidade de mudanças com alvo na modernização e, consequentemente, melhora de qualidade do transporte privado. Além disso, diante do contexto de crise econômica vivida pelo Brasil, é possível perceber a viabilidade do Uber tanto para motoristas quanto para usuários ao atuar na geração de empregos e sendo uma opção ao transporte público sucateado. De acordo com a revista EXAME, a América Latina se tornou a região de maior crescimento para a empresa, com destaque para o Brasil, informação que confirma sua eficiência. Com isso, torna-se evidente que a proibição do serviço no país, pauta de discussões entre autoridades e medida já aplicada em alguns lugares, não aumentará, necessariamente, o uso dos táxis, visto que a qualidade e o baixo preço são os fatores impulsionadores da preferência pela plataforma. O planejamento com vistas a possibilidade de concomitância de táxis e Uberes no país é, portanto, uma medida necessária para a solução do impasse. Para que isso aconteça, o Ministério Público deve atuar equiparando as obrigações de ambos os serviços, isto é, impostos, licenças e alvarás, por exemplo, para que exista equilíbrio e concorrência justa. Ademais, é preciso incentivar a melhora da qualidade dos veículos de táxi e do atendimento oferecido pelos motoristas, o que pode ser feito com a disponibilização, por esse mesmo órgão, de descontos na manutenção dos carros e de palestras e cursos que enfatizem essa necessidade.