A liberdade econômica propicia, por vezes, desde o surgimento de novos serviços prestados à sociedade, como a melhoria de conceitos já existentes. Como uma disputa colonial entre quem já estava aqui e quem chegou depois, taxistas e “Ubers” brigam pela mesma – e maior – fatia do bolo: a clientela. O conflito, que parte dos taxistas que consideram o serviço dos Uber “desleal”, é causado pelo defasado sistema municipal que, além de impor altas tributações aos motoristas, é lento em processos burocráticos. Mesmo sendo responsáveis pela manutenção de todo um sistema que emprega funcionários e mantém servidores de dados, os tributos recolhidos não refletem uma qualidade equivalente ao valor arrecadado. Isso ficou mais evidente com o surgimento dos Uber, que desencadeou um questionamento da atual conjuntura sistemática ao qual os taxistas estão sujeitos. Com maior autonomia e menor taxação, hoje, é possível oferecer um serviço que melhor atende ao mercado consumidor, através dos Uber. Outrossim, embora haja um seletivo processo para ingresso na empresa, como a exigência de veículo próprio e checagem de antecedentes criminais, a Uber mostra-se mais ágil em processos que são arduamente demorados pelo sistema municipal. Tal defasagem de tempo, sofrida pelos taxistas, é fundamental para desencorajar e tornar custoso o investimento de um motorista à função, além de perder a demanda de consumidores que ficam à mercê dos taxistas remanescentes ou contratam um Uber. Em suma, é compreensível a insatisfação dos taxistas, dadas as circunstâncias; porém, não se pode retroagir o progresso. Para que haja um equilíbrio entre as partes, é necessária uma diminuição na tributação municipal e uma maior agilidade em se tratando de processos burocráticos. Além disso, deve ser levada em conta que uma maior autonomia dos prestadores de serviço de taxi propiciará a adaptação constante do serviço às exigências sociais e às concorrências de mercado.