A vinda da família real portuguesa para o Brasil, por volta de 1808, e, posteriormente, o casamento de D. Pedro I com Leopoldina foram os primeiros passos para estabelecer a arte no cenário brasileiro. O resultado dessa herança pode ser observado na criação do Museu Nacional, antiga casa da família real, da Quinta da Boa vista e a estipulação da lei de proteção do patrimônio cultural brasileiro garantido na Constituição Federal de 1988. Contudo, esses bens encontram-se ameaçados pela falta de investimentos financeiros, pelos relatos de abandono, pelo não cumprimento da lei e a crescente precarização de um capital que se apresenta sobressaltado. O incêncio ocorrido no Museu Nacional evidenciou um problema que persiste durante anos, a falta de financiamento por parte do Governo Federal na manutenção dessas instituições, sendo motivo de denúncia por profissionais acadêmicos e funcionários. Não só instituições, mas seus acervos encontram-se em risco. Segundo Maurício Rafael, coordenador do Sistema Estadual de Museus de Santa Catarina - SEM/SC- em reportagem para o G1, observou que os maiores desafios para manutenção são aumentar o número de visitação, capacitar os profissionais do setor e resolver problemas estruturais, como goteiras. Por outro lado, a falta de participação da população na preservação desses centros culturais inviabiliza a continuidade do processo de conservação visto que, com a ausência do público pouca verba é disponibilizada, o interesse político diminui e o resultado um panorâma completo de abandono de prédios centenários e acervos históricos. Dos 13 candidatos a presidência da república na última eleição em 2018, somente um deles tinha plano elaborado para reestruturação e resolução dos problemas culturais do país. Urge, uma necessidade de alterar esse quadro o mais rápido possível. Para isso, o Governo Federal com Ministério da Cultura deve revisar as contas públicas e disponibilizar verbas de maneira que financie a estruturação de patrimônios e acervos abandonados e, com isso, garanta a revitalização cultural no país. Devem, também, promover campanhas, com empresas publicitárias, para reviver a vontade coletiva de visitar centros culturais gratuitamente, através da produção de cartilhas e propagandas, de forma a recuperar a herança cultural da população, historicamente, iniciada por seus governantes.