O infeliz descaso da sociedade brasileira com a sua memória tem trazido prejuízos que talvez nunca poderão ser ressarcidos. O que se concretiza na fala do cânone sociológico, Émile Durkheim: o homem, mais que formador da sociedade, é produto dela. Assim, de modo análogo, tem-se, a partir dessa desvalorização e principalmente diante da baixa qualidade de educação que vigora no Brasil, uma indagação quanto a formação dos indivíduos de um meio que não valoriza sua própria essência. Portanto, urgem medidas para mudar essa realidade. Um país que não preza desde poemas até monumentos antigos, acaba por desprezar todo um conjunto que conta sua própria história. Situação que pode chegar inclusive a ferir a identidade da nação. Afinal, a perda de materiais, como o visto na tragédia com o Museu Nacional- que incluiu a queima de um arsenal científico enorme, advindo de anos de estudo e dedicação-, mostra o desvalor social e governamental inclusive com o progresso e desenvolvimento do Brasil. Assim, a precarização do patrimônio histórico é preocupante no que toca a segurança da memória histórica e cultural brasileira. Essa desvalorização procede, muitas vezes, de uma deficiência educacional que acomete o Estado desde suas origens. Segundo o IBOPE, 44% dos brasileiros não lê nem um livro por ano, e ainda, somente 25% da população domina o português. Ou seja, essa falta de conhecimento é capaz de mostrar a distância entre o nativo, sua história e sua cultura. Por isso, cria-se indivíduos despreocupados em preservar suas bagagens e as de seus antepassados, como museus e monumentos. Vê-se então, um país que, por falta de um ensino amplo e de qualidade, não investe nem cuida de seus patrimônios históricos e culturais, acaba por fragilizar sua própria identidade nacional. Desse modo, é importante que os Ministérios da Educação e Cultura, juntos, por meio de subsídios federativos, amplie o acesso de todos os brasileiros, desde cedo, a uma educação excelente que discuta a importância de se preservar seu cerne e memória. Isso deverá acontecer a partir da inclusão de uma matéria à grade escolar específica ao tema supracitado. Para que por fim, indivíduos -que nada mais são que produtos da sociedade- tornem-se figuras que apreciem com zelo aquilo que descreve suas próprias histórias.