Título da redação:

Redação sem título.

Tema de redação: A precarização do patrimônio histórico brasileiro e suas implicações

Redação enviada em 24/09/2018

“Um povo sem conhecimento, saliência de seu passado histórico, origem e cultura é como uma árvore sem raízes”. Apesar de já falecido, a frase do músico Bob Marley sintetiza a atual relação do brasileiro com seu passado e suas conquistas. Os sucessivos casos de perda de elementos que guardam em si muito da história do país revelam a precarização do patrimônio histórico nacional e as graves consequências dessa realidade para a coletividade e os inúmeros grupos sociais. Diante desse quadro, é possível fazer uma análise da atual conjuntura quanto a esse problema. Em primeiro lugar, é importante investigar as razões pelas quais a sociedade não valoriza suas raízes e seu processo de formação. É indubitável que o homem contemporâneo é influenciado diretamente pelo seu modo de vida, o capitalista, e incorpora sua ideologia. Segundo os pensadores da Escola de Frankfurt e os marxistas, esse sistema é responsável por transformar todos os bens da humanidade em mercadorias, e criar uma mentalidade que incentive a compra dessas mercadorias, tipicamente o consumismo. Explica-se então, por que o brasileiro não encontra valor no seu patrimônio histórico: ele o enxerga como uma mera mercadoria, que serve ou deveria servir apenas à lógica da compra e da venda. A desvalorização desses elementos contribui para o esvaziamento do sentido histórico de todo um povo, já que não há mais nenhum elo que o mantenha coeso. Outrossim, é essencial avaliar as consequências do descaso do Estado com a preservação do patrimônio de seus súditos. Devido aos cortes nos gastos públicos e à austeridade imposta pela esfera pública, episódios como o do incêndio do Museu Nacional no Rio de Janeiro, construção que remonta à época de Dom João VI, têm sido muito comuns nos últimos anos. Isso representa uma grave ameaça à integridade da história da nação, e com ela ao sentimento de união dos brasileiros em torno de um passado em comum. Segundo a filosofia contratualista, diante de situações como essa, a legitimidade do Estado pode ser perdida, na medida em que ele deixa de servir aos seus súditos e à lei e para se enxergar como um fim em si. Levando em consideração os fatos supracitados, fazem-se imprescindíveis ações contra essa problemática. É dever das universidades, junto com ONGs para a cultura, projetar campanhas para a desconstrução da visão mercantil sobre o patrimônio histórico e cultural, por meio de palestras e eventos públicos, a fim de estimular na população o sentimento de pertencimento a uma identidade. Ademais, a sociedade deve requerer da administração pública maiores verbas para as construções preservadas pela União, estados e municípios, por meio de manifestações coletivas nas ruas e nas redes sociais, para conter a perda sucessiva de elementos sociais irrecuperáveis. Dessa maneira, haver-se-á uma sociedade mais preocupada com suas origens e capaz de acessar democraticamente seus bens.