Título da redação:

Redação sem título.

Proposta: A precarização do patrimônio histórico brasileiro e suas implicações

Redação enviada em 20/09/2018

Em época próxima ao nascimento de Cristo, a ancestral biblioteca de Alexandria, reconhecida por ter abrigado o maior acervo científico-cultural da antiguidade, foi destruída por um incêndio. Segundo historiadores, os prejuízos ao desenvolvimento da humanidade foram incalculáveis, razão pela qual passou-se, então, a cuidar com maior esmero dos acervos culturais ao redor do mundo. Todavia, apesar da importância do patrimônio histórico ao desenvolvimento nacional, o Brasil seguiu rumo contrário e não investiu esforços suficientes para a preservação de seu patrimônio, induzindo à falta de interesse da população pelo assunto. Na noite de 02/09/2018, um incêndio de grandes proporções destruiu o Museu Nacional do Rio de Janeiro - acontecimento que já ocupava lugar, em tom premonitório, no discurso de especialistas da área há algum tempo. Em situação análoga à ocorrida em Alexandria, em poucos instantes, e sem nenhuma resistência, o fogo destruiu cerca de 90% do patrimônio do mais importante museu de história natural do país, reduzindo a cinzas o que a natureza e a humanidade demoraram milênios para elaborar. Isto posto, o grave -porém evitável- incidente trouxe à tona o pífio investimento governamental para a manutenção e a segurança dos estabelecimentos nacionais dedicados à cultura. Nesse cenário, Luís Dias Duarte, diretor do Museu Nacional do Rio de Janeiro, reafirma que a crônica redução de verbas governamentais destinadas à cultura no Brasil, ocorrida ao longo das últimas décadas, foi a maior responsável pela tragédia que acometeu a instituição. Simultaneamente a isso, a falta de uma consciência coletiva no Brasil acerca da importância da preservação da história e da cultura resulta em um baixo nível de interesse da população pelo assunto, o que, por sua vez, permite ao Estado diminuir mais o fluxo de investimentos na área. Assim sendo, a comunhão desses fatos leva ao descaso e à precarização dos acervos, o que gradativamente fragiliza a identidade nacional, visto que o patrimônio histórico representa a materialização da identidade cultural de uma nação. Nessa linha de raciocínio, o historiador Flávio Carsalade, da UFMG, afirma que a degradação do patrimônio provoca perdas importantes de qualidade de vida e de cidadania, já que afeta diretamente o senso de pertencimento do povo. Assim sendo, da mesma forma que o incêndio na biblioteca de Alexandria causou danos irreversíveis ao desenvolvimento cultural da humanidade, o abandono do acervo histórico brasileiro põe em risco não só a identidade cultural do povo, mas também o futuro do país. Diante da importância do assunto, cabe à sociedade civil assumir parte da responsabilidade quanto às ações de conscientização e valorização da história nacional. Para que isso ocorra, deverão ser criadas organizações não governamentais cujo objetivo principal será informar a população sobre a importância da cultura e da história para o desenvolvimento do país mediante a realização de palestras informativas. Por sua vez, o governo federal deverá investir recursos financeiros suficientes à manutenção e à segurança dos acervos nacionais, garantindo a preservação deles por intermédio da atuação direta tanto do Ministério quanto das secretarias estaduais de cultura. Por fim, fica claro que somente a união de esforços será capaz de proteger o patrimônio histórico brasileiro de uma tragédia semelhante à que destruiu a emblemática biblioteca de Alexandria.