Título da redação:

Redação sem título.

Proposta: A precarização do patrimônio histórico brasileiro e suas implicações

Redação enviada em 19/09/2018

Ao refugiar-se, no Brasil, da Segunda Guerra Mundial, o escritor austríaco Stefan Zweig publicou, em 1941, o livro “Brasil: País do Futuro”. No entanto, a precarização do patrimônio histórico brasileiro não faz jus a essa premissa, uma vez que há o abandono desse patrimônio pelo poder público e o descaso da população com esse bem. Dessa forma, cabe analisar as implicações e os caminhos para combater esse problema. É notório que o abandono do patrimônio histórico pelo governo está entre as causas do problema. Isso ocorre porque, por ser um investimento alto e não ser considerado de primeira necessidade, esse tipo de aplicação acaba sendo deixado à margem nos planos dos governantes, explicitado conforme anunciado pela BBC News Brasil, a qual afirma que apenas 2 de 13 planos de candidatos a Presidência de 2019 citam preservação de museus e patrimônios históricos. Consequentemente, aumenta-se a necessidade de restaurações e reparos elétricos nos bens materiais, além de segurança para se evitar furtos e depredações. Assim, com esse abandono tem-se tragédias e perdas de materiais valiosos para a história do país, como o incêndio deste ano - devido às más condições das instalações - que ocorreu no Museu Nacional, no Rio de Janeiro, o qual destruiu acervos científicos, bibliográficos e documentais. Outrossim, além do descaso do governo, há também o descaso da população com o bem público. Isso acontece porque, sob a perspectiva do sociólogo Pierre Bourdieu na Teoria do Habitus, a sociedade tende a incorporar, naturalizar e reproduzir as estruturas sociais. Nessa lógica, percebe-se o padrão comportamental existente com a falta de educação e zelos pela população, ao ser incorporada a ideia de que somente cabe aos governantes o cuidado com o bem público. Dessa maneira, as pessoas tendem a poluir e a vandalizar os monumentos e prédios, sem se importarem com o prejuízo causado ao erário e à própria população que utiliza o bem. Em consequência disso, tem-se diversas praças e monumentos pichados, quebrados e interditados ao uso comum por causa de vandalismos. Torna-se evidente, portanto, que a precarização do patrimônio histórico ainda é um problema a ser enfrentado. Em razão disso, o Governo Federal, em parceria com o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, deve criar uma lei que destina parte do PIB do país para promover reformas e restaurações de prédios e acervos materiais públicos, a fim de preservá-los para a população. Ademais, o governo também deve promover, somado aos pais e à escola, palestras, campanhas e workshops sobre ética em sociedade, educação e conscientização de cuidados com o bem público, com profissionais especializados na área, para se naturalizar uma estrutura social de cidadania e cultura desde a infância e, com isso, reproduzir-se aos descendentes. Isto posto, poder-se-á aproximar o Brasil real daquele idealizado há quase oito décadas por Stefan Zweig.