Na década de 1980, a então Primeira Ministra do Reino Unido, Margaret Thatcher, objetivava retirar o país da situação de "dê para mim", para transformá-lo em uma nação que passasse a dizer: "Faça você mesmo". Essa postura caracterizou a sua forma de governo neoliberal, marcada pelos cortes orçamentários na políticas sociais. Partindo desse pressuposto, percebe-se que, hodiernamente, a pouca ou a completa falta de assistência social de alguns governos, inclusive do brasileiro, tem contribuído para que boa parcela de suas populações fique em situação de vulnerabilidade socioeconômica, o que gera o aumento do número de pessoas que vivem nas ruas. Logo, discutir a questão desse grupo no Brasil envolve avaliar o preconceito existente e a negligência estatal para com ele, bem como propor medidas que sanem as dificuldades existentes. Primeiramente, é notável que a falta de respeito e as desavenças existentes entre as diferente classes sociais brasileiras culmina na descriminação e preconceito. Nesse viés, a mensagem de Susanita, personagem das tirinhas da conhecida Mafalda, revela que, do seu ponto de vista, não é preciso criar programas de assistência humanitária aos moradores de rua, mas que bastaria apenas "escondê-los". Esse tipo de pensamento assemelhas-se ao da "Dama de Ferro" inglesa e também ao de milhares de brasileiros com um bom poder aquisitivo, que acreditam que os desabrigados precisam caminhar com as próprias pernas. Relativo a isso, em Curitiba, muitos donos de lojas questionaram a presença dos sem teto e pobres no shopping centers, alegando que eles eram responsáveis por reduzir o número de clientes nos seus estabelecimentos. Destarte, esse exemplo mostra que a falta de empatia, aliada ao desrespeito, contribui para que casos assim surjam em outras regiões do país. Outrossim, de acordo com o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, 35,5% dos entrevistados estão em situação de rua por causa de problemas com álcool ou drogas, enquanto que 29,8% encontram-se assim devido ao desemprego. Desse modo, sabendo-se que não há pleno apoio governamental para findar os vícios dessas pessoas por meio do sistema de saúde, além de não haver a criação de abrigos públicos para alocar esses milhares de cidadãos, vê-se que tal negligência faz com que eles fiquem nas ruas, vulneráveis à violencia e criminalidade. Por isso, já dizia o escritor Victor Hugo que "Entre um governo que faz o mal e o povo que o consente, há um certa cumplicidade vergonhosa". Assim, é fundamental que os brasileiros, principalmente as ONGs, estimulem a realização de ações enérgicas do Estado brasileiro. Sendo assim, segundo a escritora Helen Keller, "O resultado mais sublime da educação é a tolerância", logo, é indispensável alterar o comportamento atual dos cidadãos brasileiros a partir da incrementação de medidas do poder estatal que transformem o cenário vigente. Para tanto, é indispensável que o Governo Federal proporcione uma melhor qualidade de vida aos moradores de rua, por intermédio da criação de um programa nacional de retirada dessas pessoas das ruas e da sua consequente realocação em abrigos criados e organizados pelos Governos Municipais, além de suprir as suas necessidades básicas e direcioná-las ao mercado de trabalho, com o fito de fornecer uma vida digna e garantir a chegada de novas possibilidades para elas.