Os vigentes embates raciais no Brasil descendem de um passado histórico que ainda influência fortemente a organização da sociedade contemporânea brasileira, ocasionando a marginalização de negros, a grande desigualdade de renda entre as etnias e as extremas diferenças de qualidade de vida entre os grupos raciais. Apesar do início de diversos programas do Estado e de ações da sociedade, em prol de um respeito entre os grupos sociais e étnicos, o racismo permanece presente e atuante em diversos setores do corpo social brasileiro. Portanto, torna-se necessária uma análise profunda sobre o tópico e mudanças nessa estratificação enraizada sobre bases raciais. O Brasil, durante seu período colonial e partes de seu período monárquico, utilizou o trabalho escravo como um de seus principais impulsionadores econômicos. O litoral brasileiro era reconhecido como o porto mundial de trabalho escravo advindo da África, sendo que, de acordo com a Comissão da Verdade da Escravidão Negra da OAB, aproximadamente 5,5 milhões de negros escravos vieram para o Brasil durante o período que precedeu a república. Além de ser um polo escravagista, o Brasil configurou-se também como um dos últimos países do mundo a abolir a escravidão, ocorrida somente em 1888, com a assinatura da Lei Áurea, decretada após longo período de pressão exercida pelos britânicos. A existência e a permanência de embates raciais no Brasil, portanto, provém fortemente de um passado histórico relativamente recente. A tradicional organização estamental baseada em etnias, apesar de não mais existente, possibilitou a maior ascensão de caucasianos em relação aos negros, marginalizando o segundo grupo. O grupo negro tornou-se referencial para trabalhos indesejados, locais de moradia menos privilegiados e símbolo da alta criminalidade brasileira, ainda que estes fatores sejam prováveis resultantes de um enraizamento histórico que deve ser apagado da sociedade brasileira. Ao analisar a questão, torna-se necessário, por conseguinte, a ação da sociedade e do Estado para a correção deste comportamento. O Ministério da Educação deve implementar atividades nas escolas, ministradas por professores e especialistas, visando a construção do respeito entre etnias. O Estado deve instaurar parcerias público-privadas com agências de publicidade, incentivando, através de descontos fiscais, a maior participação de minorias em suas campanhas publicitárias. É dever dos pais desenvolver, durante o amadurecimento de seus filhos, um espírito solidário e igualitário para com todos os povos, através do ensino de igualdade racial, sendo possível, então, um caminhar em direção ao respeito mútuo entre os grupos sociais.