Assim como descreve o romance de Mário de Andrade, Macunaíma, a nacionalidade brasileira se desenvolveu através de uma miscigenação em sua identidade, sendo composta exclusivamente por três raças: caucasiano, indígena e afrodescendente. Contudo, desde a época da colonização, por volta do século XVI, uma visão etnocêntrica europeia foi estabelecida no território nacional, desvalorizando as demais culturas, em especial, a afrodescendente. Segundo dados de 2013 do IBGE, o negro recebe aproximadamente 57 % do salário do branco. Comprovando que a visão antropológica em que o afrodescendente é tratado inferiormente, perante o resto da população, ainda faz-se presente em pleno século XXI. Esta imagem mantem-se devido ao conservadorismo existente na sociedade, atuando como um retrocesso no pensamento acerca da igualdade racial. Em meados da década de 60, ainda era possível presenciar extremistas praticantes de racismo, comprovando a permanência da ríspida visão retrógrada. Como foi o caso do grupo Kun Klux Klan , que movido a um preconceito étnico cometiam crimes hediondos contra os afrodescendentes presentes no sul da maior potência da América. É importante salientar que durante esta época, em pleno século XX, a segregação racial era comum, visto que os negros não tinham direitos civis e igualdade perante a lei. Na visão do célebre geógrafo Milton Santos, o tratamento oferecido ao negro está relacionado a forma como a sociedade se organiza em face de sua aceitação política, tendo como pilar a educação. Talvez por este motivo, o negro ainda seja desvalorizado, pois nossa educação foi baseada no modelo europeu politizado e ainda carece de conhecimento acerca da história e da cultura afrodescendente. É sabido que a solução para essa segregação parte da educação, pois o ensino é o precursor da formação política e ideológica de uma sociedade. Portanto, a criação de políticas de incentivo à cultura, através dos Ministérios da Educação e da Cultura , visando a valorização da tradição negra, contribuiria para conferir uma igualdade racial, assim como transmitiria um conhecimento acerca da tradição afro . A realização de exposições e palestras remetentes a história cultural africana e sua importância para a formação de nossa nação, assim como o reconhecimento de personalidades nacionais negras , como o próprio Milton Santos, seriam medidas exemplares que confirmariam a ideia proposta.