Em síntese, o Brasil é considerado um país mestiço onde diversas raças se misturam e compõe o cenário atual. Entretanto, a despeito deste sinal de forte interação entre raças, é um equívoco pensar que não vivemos num país racista, pois, cotidianamente, existem movimentos informais de preconceito racial. Nesse sentido, dois aspectos fazem-se relevantes: o legado histórico-cultural e a relação socioeconômica atual. No entendimento do antropólogo Darcy Ribeiro, o Brasil, último país a acabar com a escravidão tem uma perversidade intrínseca na sua herança, que torna a nossa classe dominante enferma de desigualdade, de descaso. O negro foi a força primordial para a construção do país. Foi subjugado, tratado como mercadoria e forçado a longas jornadas de trabalho em regime de servidão; criando assim, uma imagem de submissão e sofrendo de diversos tipos de abusos e preconceitos. Esse legado de preconceitos estendeu-se aos seus descendentes - os quais continuam sendo tratados como inferiores e sem qualificação - e perduram até os dias atuais. Outro aspecto perceptível do racismo intrínseco é com relação a educação e, consequentemente, nos postos de trabalho. Em geral, os brancos têm mais anos de estudos que os negros, além de terem acesso a um sistema de ensino de melhor qualidade. Além disso, brancos e negros com mesma escolaridade têm remunerações distintas. Isto é, a mesma qualificação não significa o mesmo retorno financeiro para pessoas com pigmentação de pele distintas. Estes pontos demonstram claramente como o racismo foi se tornando mais sutil na sociedade. Logo, os argumentos apresentados denotam a persistência de profundas desigualdades raciais no Brasil e como estas relações foram determinantes na conformação do quadro dos profundos abismos sociais atualmente encontrados. O governo deve investir em educação, com o intuito de mostrar a riqueza cultural brasileira e alertar os alunos sobre o racismo; e qualificação para que esses jovens tenham mais oportunidade de atuação social. E por fim, o Ministério Público deve fiscalizar os postos de trabalho, além de investigar e punir as pessoas que praticam o crime de racismo. Só então a sociedade brasileira, enfim, poderá evoluir a um novo nível .