Título da redação:

A carne mais barata do mercado

Proposta: A Persistência do racismo na sociedade brasileira contemporânea

Redação enviada em 17/10/2016

O Brasil é conhecido por ser a última nação a proibir a escravidão. Entretanto, apesar da Lei Áurea, assinada pela princesa Isabel em 1888, o cenário nacional ainda é marcado por racismo. Isso persiste, no século XXI, devido às consequências da exclusão, bem como por criação de estereótipos durante os anos de 1900. Em primeiro plano, é pertinente considerar os efeitos do regime escravocrata no Brasil. É notório que, após o fim da escravidão, não ocorreu a inserção efetiva de descendentes africanos na sociedade. Dessa forma, ex-escravos, a partir do fim do século XIX, ficaram à margem dos âmbitos sociais, ocupando regiões periféricas em cidades e, muitas vezes, excluídos do conjunto de direitos civis e sociais. Logo, historicamente gerou-se um estigma social que colaborou com a permanência do racismo até os dias atuais. Ademais, é válido apontar o descaso histórico do Estado com relação às minorias. Nesse contexto, no Brasil, foram adotadas medidas de equidade, como cotas raciais, somente nos anos 2000, enquanto os Estados Unidos, famoso por sua segregação racial, propuseram a inclusão de negros às garantias democráticas na década de 60. Desse modo, a persistência da intolerância racial pode também ser entendida como fruto do não seguimento do Princípio da Igualdade do filósofo Aristóteles, que explana tratamento diferenciado a parte da população com o intuído de estabelecer uma democracia includente. Fica evidente, portanto, que, no Brasil, o racismo persiste em virtude de raízes históricas. Logo, com o intuito de atenuar essa realidade de intolerância, o governo deve manter cotas em universidades, as escolas precisam ministrar aulas e palestras acerca da cultura africana e a mídia, por meio de telenovelas, deve desenvolver ficção engajada, alertando a importância da inserção do negro na sociedade, bem como demonstrar as causas e consequências da exclusão social que ocasionam injúrias raciais e o racismo. Talvez, assim, a intolerância racial, no cenário nacional, seja amenizada e a música “A Carne”, cantada por Elza Soares, seja apenas um relato do passado preconceituoso e excludente do Brasil.