Novas relações socioespaciais marcam o Brasil desde o século XX. Nesse contexto, a urbanização na década de 60 alterou a dinâmica nos lares brasileiros à medida que as mulheres desvinculavam-se do papel de donas de casa, função recorrente em muitas famílias, e ingressavam no mercado de trabalho. Apesar dessa conquista financeira, a violência contra a mulher persiste e se estende para além dos cenários domésticos. Em primeiro lugar, devem-se considerar os traços patriarcais presentes na cultura brasileira, os quais descendem do Período Colonial. Portugal, durante todo o processo de atuação sobre a colônia tupiniquim, cultivou hábitos com intuito de exaltar o homem frente às mulheres. A mulher não poderia, por exemplo, expressar abertamente seus desejos eróticos, sendo, muitas vezes, obrigada a se relacionar sexualmente. Esse cenário permaneceu no Brasil cerca de 400 anos, fato complicador para a extinção de tais aspectos culturais enraizados que menosprezam a figura feminina e auxiliam para a manutenção de práticas de violência sexual em matrimônios. Em segundo lugar, é necessário considerar o contexto midiático do país, o qual contribui para a objetificação do sexo feminino enquanto símbolo sexual. As propagandas de cerveja, por exemplo, associam seus produtos a jovens moças. Estas, por sua vez, são apelidadas com cunho sexual. Nesse sentido, na medida em que as mulheres e seus corpos são percebidos socialmente como objetos de prazer masculino, torna-se recorrente que, ao caminhar pelas ruas, elas presenciem cenas de assédio verbal caracterizados por palavras pejorativas. Dessa forma, é preciso desconstruir os ideais patriarcais presentes na sociedade, os quais auxiliam para a manutenção da violência contra a mulher. As escolas devem, junto aos pais, organizar dinâmicas como teatros e jogos interativos, a fim de apresentar aos alunos os hábitos incorretos, que ainda persistem na sociedade, contra a mulher. A partir disso, será possível analisar diferentes contextos, e ensinar crianças e adolescentes, de modo didático, como contribuir para extinguir a violência associada ao sexo feminino. Ademais, as autoridades responsáveis devem promover discussões com a população a respeito de propagandas que utilizam o corpo da mulher como recurso sexual, por intermédio de universidades e plataformas virtuais, a fim de que seja possível desconstruir tal hábito disseminado pela sociedade.