Milhares de mulheres são mortas todos os anos no Brasil vítimas de agressão. Logo, é possível afirmar que esse quadro de violência é um problema crônico que se arrasta por gerações. Isso se evidencia não apenas pela formação de uma sociedade historicamente patriarcal mas também pelo medo das vítimas em denunciar seus agressores no intuito de evitar possíveis represálias. Segundo Zygmunt Bauman, sociólogo polonês, a falta de solidez nas relações sociais, políticas e econômicas é característica da modernidade líquida do século XX. Todavia, tal volatilidade parece paradoxal ao perceber a sólida cultura da violência contra a mulher, que se propaga por gerações, reflexo da direta relação com um passado, onde a representação feminina não tinha espaço na política, ciência, economia, o que evidencia a prevalência da figura masculina ao longo do tempo. Além disso, muitas mulheres têm medo de denunciar seus agressores, seja por medo de represália ou mesmo por acharem natural a convivência com essa violência, já que,por muito tempo, essas práticas faziam parte do cotidiano da sociedade. Entretanto, esse quadro começou a mudar, principalmente, após a Segunda Guerra Mundial, pois, com um grande número de homens mortos nos combates, as mulheres precisaram ingressar no mercado de trabalho, impulsionando a prevalência dos seguimentos femininos nos diversos setores da sociedade. A fim de combater a persistência da violência contra a mulher no Brasil, o Estado deve, portanto, investir na conscientização do cidadão desde o ensino básico, explanando o tema em voga nas escolas, utilizando ferramentas como pesquisas de campo, palestras e debates, aspirando resultados a longo prazo. Já a curto prazo, a participação de entidades do terceiro setor na promoção do acolhimento de vítimas, dando-as auxílio psicológico e jurídico. A população, por sua vez, colaborar com denúncias aos órgãos competentes, a fim de exercer seu papel de cidadão.