Título da redação:

O Cravo bate na Rosa.

Tema de redação: ENEM 2015 - A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira

Redação enviada em 12/11/2015

Assim como homossexuais e negros, a mulher, historicamente, foi marginalizada no contexto social. Faz-se nota de que, em meados de 1790, a dramaturga francesa Olympe de Gouges fora assassinada por reivindicar a reforma da hipócrita e machista “Declaração dos Direitos do Homem”. Que, tal como evidenciava, compreendia o homem propriamente dito. No Brasil atual, mulheres como Olympe e Rosa são agredidas e assassinadas a cada meia hora, embora hajam leis no tocante a segurança das referidas. O que se vê, no entanto, é uma resistência da ignorância das massas acerca dessas leis e, paralelamente, a impunidade dos agressores. O machismo está incutido socioculturalmente no Brasil. Atualmente, a desigualdade de gêneros permanece a oprimir moral e profissionalmente mulheres no mercado de trabalho. A trabalhadora recebe apenas 70% do ordenado masculino compartilhando das mesmas obrigações. Por conseguinte, o desrespeito nesse âmbito reflete naquele que se dá no ambiente doméstico. Se a sociedade não vê a mulher como uma igual integralmente, logo, a sociedade é opressora. E, por sua vez, oprime a quem nega assistência, a mulher. Desambiguando a violência contra a mulher tem-se a questão da submissão feminina. O Cravo é a sociedade. E a sociedade, ainda que menos conservadora do que há cem anos, é patriarcal. Nada que Rosa tenha feito justifica a agressão que sofre. Mas todos a culpam. E o cravo? Ele é naturalmente prepotente. Tão ignorante que sequer reconhece uma série de medidas legais que protegem a sua “amada”. Ele também mal sabe que, na última década, a Lei Maria da Penha fora promulgada condenando suas práticas. Contudo, o Cravo ainda anda livre pois sabe que Rosa não o denunciará. Ela é submissa e entende que o Cravo tem razão, mas não tem. A Rosa, tal como o Cravo, é leiga no que diz respeito ao Código Penal Brasileiro e aos direitos dela, que, segundo o artigo 5º da Constituição, a ver, assim como ao Cravo, não como um sexo, conquanto como brasileira. Muita coisa mudou desde 1934 quando a mulher conquistou o direito ao voto. Hoje Rosa trabalha e estuda. De maneira que, por exemplo, 50% do alunado da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) é composto por acadêmicas. Todavia, a omissão da realidade a que Rosa se atém não permite que a polícia da mulher trate do Cravo. Para isso, o Cravo deve ser denunciado. Essa ação, entretanto, requer de Rosa coragem, e do Estado uma implementação da assistência prestada às mulheres. Caso houvesse uma preocupação maior com esse detalhe a violência contra a mulher e o feminicídeo não apresentariam taxas alarmantes. O patriarcalismo, a sujeição feminina, e o recesso de equidade entre os gêneros fundamentam a violência contra a mulher. E uma alternativa de resolução para esse cenário é que o Estado implemente ouvidorias e centros de referência no cuidado feminino. Com isso, as denúncias serão potencializadas e haverão meios para a mulher ser amparada adequadamente. Existindo condições para que Rosa denuncie o Cravo, sem dúvidas, a vida dela e de tantas outras como ela, mudará.