Título da redação:

Mulheres de Atenas

Proposta: ENEM 2015 - A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira

Redação enviada em 10/11/2015

O objeto de estudo da sociologia, em suma, é o comportamento do ser humano, seja individual, seja em grupo. No decorrer da história, estudiosos como Émile Durkheim buscaram explicar o modo de agir das pessoas em uma coletividade. Ao se analisar o passado histórico do Brasil, percebe-se o papel social de cada membro da família: o pai, os filhos, os escravos e a esposa. A última, embora não fosse cativa, vivia, de modo geral, como uma. A herança patriarcal do país persiste presentemente e, assim como outrora, causa sofrimento sobre aquelas consideradas como o "sexo frágil" do corpo social. Tendo em vista as raízes históricas de supervalorização da figura masculina e a subvalorização da feminina, a violência instaurada sobre esta persiste. Contribui para esse quadro a imagem da mulher como mero objeto sexual. Essa percepção, embora inaceitável, é divulgada tanto por parte da mídia (por meio de programas televisivos que se utilizam da figura feminina como estratégia publicitária) quanto por parte de empresários (casas de dança noturnas, onde ela é a principal atração). Tal fato pode ser explicado comparando-o com o papel feminino no início do século XX no país, no qual exigia-se dela mera função reprodutiva. Ademais, a figura paterna como sendo o provedor familiar é notória no contexto brasileiro. Desse modo, o que resta para elas é a submissão e condescendência com atitudes preconceituosas e machistas. A despeito da persistência da violência que aflige as mulheres, elas têm buscado maiores garantias e direitos com relativo sucesso. O movimento feminista (sec. XX) e a Lei maria da penha, no Brasil, são exemplos disso. A Lei torna crime a violência contra o indevidamente chamado "sexo fragil". Além disso, a quebra de paradigmas previamente estabelecidos historicamente vem acontecendo, a exemplo da eleição da primeira presidente mulher no país, Dilma Rousseff. Dessa maneira, paulatinamente, as "mulheres de Atenas", de Chico Buarque, passam a ver alterado um passado de patriarcalismo e um presente refletor de suas lembranças. É claro, portanto, que a violência contra a mulher há de ser combatida. Primeiramente, a eficácia da Lei Maria da Penha deve ser ratificada e reiterada com ajuda da midia. Assim, o principal instrumento de defesa da mulher não cairá no esquecimento. Além disso, o pensamento ultrapassado de inferioridade feminina que ronda parte da sociedade civil há de ser extinguido. Isso só poderá acontecer caso ocorra uma transformaçao no ensino básico e familiar. Os professores deverão exaltar a importancia do exercicio da alteridade e discorrer acerca do passado, evidenciando os males oriundos da violência contra o sexo feminino. Os pais, da mesma forma, devem ensinar à prole a importância do relativismo e da tolerância para um bom convívio isento de práticas violentas.