Na canção "Mulheres de Atenas", do compositor brasileiro Chico Buarque, há uma crítica sobre a violência sofrida pelas mulheres da cidade de Atenas, de seus maridos guerreiros, homens que, diante de uma visão machista, as agrediam violentamente. Entretanto, no contexto atual, algo semelhante acontece, visto que a violência contra mulheres é uma realidade que persiste no Brasil. Nota-se que muitos são os casos de mulheres que sofrem agressões de homens e, na maior parte das vezes, dos próprios parceiros conjugais. O machismo propicia o revés vigente, mostrando-se estrutural dentro da sociedade brasileira e, desse modo, criando estigmas de submissão e inferioridade ao gênero feminino. É incontestável que os aspectos governamentais estejam entre as principais causas da persistência a violência à mulher no país. De acordo com o artigo 3 da Constituição, é dever estatal construir uma sociedade livre, justa e solidária, garantindo o desenvolvimento nacional. No entanto, segundo os últimos dados relacionados à problemática, a ação legal encontra-se distante da efetivação, haja vista que, entre os anos 2000 e 2010, mais de 43 mil mulheres foram vítimas de assassinatos, o que representa um grande aumento no número da violência ao gênero feminino. Em segundo lugar, evidencia-se que a coletividade brasileira é estruturada por um modelo excludente imposto pelos grupos dominantes, no qual o indivíduo que não atende aos requisitos estabelecidos, homem e branco, sofre uma periferização social. Assim, ao analisar a sociedade brasileira, nota-se que a mulher não é valorizada de forma plena. Como consequência do machismo estrutural no país, essas são subjugadas como frágeis, submissas e inferiores aos homens. Tal estigma atribuído ao gênero feminino propícia agressões físicas, verbais e psicológicas, cometidas por parte da população masculina, contribuindo, assim, para altos índices de violência doméstica, mas também com o infortúnio do feminicídeo. O combate a violência à mulher na sociedade brasileira citada inicialmente, deve tornar-se efetivo, posto que o machismo estrutural vigente na sociedade e a ausência de medidas governamentais eficazes à proteção ao gênero feminino, garantem a persistência do impasse. É imperativo ao Governo, sendo representado pelo Poder Executivo, aumentar a fiscalização das medidas protetivas às mulheres, vítimas de agressões domésticas e familiares, concebidas através da Lei Maria da Penha. Por fim, cabe ao Ministério da Educação (MEC), em parceria com os canais midiáticos, promover campanhas, destinadas à população, a fim de conscientizar esses indivíduos sobre o impasse do machismo e suas danosas consequências às mulheres, mas também alertar sobre a importância da igualdade de gênero, para que assim, as mulheres deixem de sofrer as mesmas injustiças que as mulheres de Atenas, citadas na canção de Buarque. Desse modo, poderá dizer-se que, no Brasil, forma-se uma sociedade mais fiel a sua Constituição.