Título da redação:

Dilema cor-de-rosa

Tema de redação: ENEM 2015 - A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira

Redação enviada em 31/10/2015

“Ninguém nasce mulher: torna-se mulher. Não há princípio biológico nem psíquico que determine sua importância no seio da sociedade.” Analisando essa passagem de Simone de  Beauvoir, em sua obra “O segundo sexo”, verifica-se a transformação da consciência de si mesmo no que tange ao “ser mulher”, frente à uma longa história de dependência e submissão em relação ao sexo, por muito tempo considerado, “dominante”. Entretanto, tal alteração não é sinônimo de libertação, havendo, ainda, em pleno século XXI, amarras que a aprisiona na obscuridade da ignorância e, acima de tudo, da violência. Em um panorama histórico, desde a Pré-história até a Idade Contemporânea, observa-se a brusca, porém gradativa, ruptura do papel da mulher nas mais diversas sociedades: figura apta aos trabalhos domésticos, unicamente, no primeiro caso, e ícone de ascensão social, no segundo; tanto é que, a exemplo de nosso país, o Senado e a Explanada dos Ministérios são geridos, direta ou indiretamente, por uma mulher, a Presidenta Dilma Rousseff. Contudo, o estereótipo da figura feminina como “sexo frágil”, sendo uma convenção puramente humana, perdura mesmo nos dias atuais, demarcados pela persistência no violento tratamento que é, muitas vezes, destinado à ela, e cujo ponto final é uma das tônicas do porvir. Por exemplo, no Brasil, muitos foram os movimentos sociais, majoritariamente na década de 1960, que almejavam a igualdade de gênero concatenada à não-violência contra a mulher; os frutos rendidos foram leis como Maria da Penha, e mais recentemente, em março de 2015, Feminicídio, a fim de ampará-la judicialmente mediante os exacerbados tipos de violência relatados (física, psicológica, moral, sexual, dentre outras). À vista disso, ressaltando-se que a mulher em muito contribuiu para a consolidação da história do povo brasileiro, tanto pelo viés da natureza reprodutiva quanto pelo intelecto expressivo (ícones da música e literatura brasileiras, a saber: Elis Regina e Clarice Linspector, por exemplo), tornam-se necessárias medidas de afirmação do caráter respeitoso para com as mulheres, como a intensificação no processo de fiscalização de leis já vigentes no combate à violência feminina, pelo Governo Federal, assim como a conscientização das vítimas no que se refere à denúncia do abuso, seja ele qual for, e a atuação dos meios midiáticos como veículos de perpetuação da valorização da mulher associada a condutas de respeito e dignidade. Dessa maneira, espelhando-se em canções como “Garota de Ipanema”, deve-se cantar positivamente a favor da liberdade feminina frente ao machismo que a amarra nas mazelas no preconceito e, sobretudo, da ignorância.