Há cerca de 60 anos, a maioria da população morava no campo, de onde tirava seu pouco sustento e vivia na simplicidade. A geração seguinte nasceu na cidade, cresceu ouvindo que gente de sucesso era quem enriquecia. Seguindo essa lógica, ao alcançarem o êxito, o dinheiro já não era o suficiente, era necessário mostrar o que conquistou, e hoje, ostentar é uma aspiração. Os jovens tornam-se imediatistas. O estudo não é o essencial, é somente um apoio para se projetar ao mercado de trabalho, onde, sem qualificação, as vagas restringem-se ao setor de serviços, no qual a remuneração não é suficiente para todos os caprichos que representam status. Aproveitando a situação, bancos oferecem cartões de crédito e empréstimos, um deleite aos que almejam ser respeitados pela sua aparência. Desse modo, o endividamento de famílias torna-se uma realidade no país. Grande parte daqueles que conquistaram cargos bem remunerados e esbanjam poder, não alcançam a felicidade plena, uma vez que não exercem atividades coerentes com sua vocação, provocando insatisfação pessoal. Assim, clínicas psicológicas atendem milhares de pessoas por dia com problemas de depressão e transtornos psiquiátricos. A preocupação hoje é mostrar às pessoas o que possui, e até mesmo o que não possui. Mas isso está custando a qualidade de vida da população. Ostentar dívidas e receitas de anti-depressivos não é a resposta de uma criança quando a perguntam “O que vai ser quando crescer?”. É preciso rasgar o rótulo, respeitar o ser e não o ter, priorizar o estudo, subir as escadas e triunfar, tendo aptidão e predileção pelo trabalho exercido. Dessa forma, cada um encontra sua verdadeira realização pessoal.