Título da redação:

Andar com fé é bom, se o respeito não costuma falhar!

Tema de redação: A intolerância religiosa no Brasil

Redação enviada em 25/04/2015

Entre o século XV e XVI, com o advento das grandes navegações e o processo de colonização brasileiro, intensificou-se o sistema de aculturação das populações nativas. A partir disso, a imposição religiosa foi elencada como uma eficiente ferramenta de dominação das populações indígenas locais, e posteriormente empregada como instrumentação impositiva aos negros que adentraram ao país por mão do regime escravocrata. Sendo assim, evidenciaram-se, desde os primórdios da sociedade brasileira, os danos oriundos da não imparcialidade do estado quanto à questão religiosa, ao qual cabe o papel de disciplinar as relações humanas, impedindo qualquer tipo de preconceito ou discriminação. No atual cenário nacional, sabe-se que há um predomínio do cristianismo, onde desponta o catolicismo com grande número de adeptos e registra-se o crescente avanço protestante. Dessa forma, a representação de uma maioria cristã, em detrimento de outras formas de culto, principiou as atenções para disciplinar as relações que possa advir desses multifatores religiosos, possibilitando estabelecer um estado de direito inclusivo e justo. Com isso, a evolução constitucional brasileira caminhou para a garantia do livre direito ao culto e a caracterização do país como um estado laico. Entretanto, ainda pode-se perceber um entrelace entre estado e religião, indo de encontro ao que apregoa a constituição, a exemplo da moeda nacional, onde constam os dizeres: “Deus seja louvado”. Em suma, as manifestações religiosas por parte do estado brasileiro podem acentuar o caráter de minoria aos demais cultos, credos e crenças, estimulando o repúdio, discriminação e até o ódio, contribuindo assim para manifestações violentas e vexatórias. Decerto, essa tentativa velada de aculturação religiosa deve ser considerada uma afronta à liberdade de culto e crença, remontando-se como uma face obscura da intolerância religiosa. Portanto, há a necessidade da intervenção estatal na questão religiosa, que deve atuar em âmbito interno, restringindo qualquer manifestação que afronte a constituição de um estado laico, e em âmbito externo, punindo atos que atentem contra a liberdade individual de culto, como a discriminação e violência. Além disso, a escola deve atuar conscientizando e educando os alunos quanto ao respeito diferenças, impedindo assim que se perpetue a cultura do ódio e fanatismo. Ademais, a família deve atuar e constituir-se como fonte de valores, pregando a igualdade e o respeito à dignidade humana. Só assim será possível construir uma sociedade justa, igualitária e pautada no respeito a todas as formas de crença.