O Brasil é um país fruto da mistura de culturas. Durante o período colonial e o primeiro reinado inúmeros foram os povos que adentraram o país, entre eles, portugueses, africanos e italianos. Paralelamente a isso, criou-se um país composto por misturas de costumes, crenças e religiões. No entanto, apesar de atualmente ser o país das miscigenações a intolerância religiosa dos brasileiros tem acarretado em uma série de impunidades e discriminações. Há quem diga que as perseguições e ataques relacionados a religião estão ligados somente ao mundo contemporâneo, como o ataque de cunho fundamentalista islâmico ao jornal satírico francês Charlie Hebdo. No entanto, tais artifícios já foram responsáveis por marcar o curso da história. Durante a Idade Moderna, a Inquisição, órgão criado pela igreja católica da época, perseguia fiéis que eram suspeitos de pregar e praticar o protestantismo. Além disso, quem não seguia as doutrinas da igreja era preso e torturado. É notório como as perseguições religiosas já estiveram presentes nas relações humanas. O problema surge quando essas perseguições são praticadas por pessoas de um Estado laico como o Brasil. Catolicismo, protestantismo, Candomblé e o ateísmo vivem juntos no país, porém, a intolerância religiosa também está presente na sociedade. Mesmo sem descartar as outras, a religião herdada dos povos africanos, ainda, é a de maior alvo dos abusos da sociedade. Preconceitos na escola e no trabalho, ofensas pessoais, ameaças e destruição de terrenos são alguns dos fatores que os fiéis da religião sofrem. O equivocado pensamento de uma religião superior acarreta o ódio e, não raro, leva a perseguições e massacres, ferindo a liberdade de escolha e a dignidade humana. Nesse sentido, tendo em vista as ações problemáticas que a intolerância religiosa acarreta, é necessária a criação de medidas que revertam essa situação. Isso poderá ser feito com a ampliação legislativa a fim de investigar e punir exemplarmente indivíduos que demonstrem através de discriminação, violência e ameaça, suas presunções de superioridade religiosa. Ademais, é imprescindível que a população brasileira de um modo geral se conscientize acerca de sua miscigenação de culturas e respeite a fé alheia. Estado e sociedade precisam seguir sua constituição que garante a liberdade de culto e proteção contra a discriminação.