Título da redação:

A incolumidade da superioridade

Proposta: A intolerância religiosa no Brasil

Redação enviada em 24/10/2016

A relação entre a intolerância religiosa e o preconceito apresenta uma faceta histórica ligada aos primórdios da colonização no Brasil. Com a premissa de que há superioridade de crenças, desenvolveu-se um comportamento obsoleto alicerçado na oneração de religiões consideradas inferiores e no regozijo de mentes disseminadoras de ódio, observados de forma incólume na sociedade brasileira. Desde o início da colonização no país, no século XVI, os colonizadores portugueses animalizaram a cultura indígena, impondo a catequização e alienando-os por meio do ensino da língua portuguesa e da cultura europeia. O desrespeito à dogmas e crenças possibilitou a ascensão da superioridade religiosa, exemplificada mediante os ataques às religiões de origem africana, fator arcaico que se consolidou há quatro séculos. A intolerância religiosa, ademais, é propagada utilizando um conceito maniqueísta, o qual determinada religião é considerada correta e, outrem, errada. A Revolta dos Malês, por exemplo, ocorreu devido à oneração de escravos islâmicos durante o Brasil Império, período em que a única religião aceita socialmente era o Catolicismo. Outrossim, a superioridade de crenças foi negligenciada quando, no século XIX, a laicidade do Estado foi implicitamente decretada, tornando o Brasil um país sem religião oficial. Contudo, no século XXI, observa-se o preconceito e o desrespeito ainda presentes na sociedade, tais como o assédio moral e a violência, destinados, principalmente, ao Candomblé e aos ateus. Deve-se, pois, fomentar uma conjuntura social com igualdade, tolerância e parcimônia. Destarte, é essencial que o Poder Legislativo formule leis mais rigorosas acerca do assunto, como multa ou punição legal a qualquer ato de ódio direcionado à religião ou ao religioso, além de afirmar a obrigatoriedade do ensino das diversas religiões na matriz curricular de Ciências Humanas nas escolas do país. O Governo Federal deve, juntamente com o Ministério da Cultura, investir em palestras de sociólogos que abordem o tema, apresentando-as em escolas e teatros nacionalmente; além disso, deve desenvolver peças de teatro gratuitas que envolvam a temática de forma a desenvolver espectadores pensantes. Por fim, o Terceiro Setor deve realizar campanhas institucionais em redes sociais, como grupos de conversa entre pessoas de diferentes credos, cessando, paulatinamente, a obsolescência da intolerância religiosa incólume no país.