O ser humano, diante da incerteza da vida e dos mistérios do universo, sempre tentou reconfortar-se por meio de crenças. Prova disso são os inúmeros credos que marcaram diversas civilizações. No entanto, a violência faz-se presente nesse contexto através da intolerância religiosa que, devido a alguns fatores, é expressiva no Brasil. Logo, são necessárias medidas voltadas à aceitação da pluralidade, de modo a atenuar esse quadro. Segundo o sociólogo Gilberto Freyre, a miscigenação dos diversos povos que formaram o Brasil foi um processo natural e extremamente benéfico. De fato, ela proveu ao país uma enorme gama de manifestações religiosas. O problema surge quando pessoas mal intencionadas acreditam na superioridade de sua religião e passam a atacar as outras, seja através da humilhação, perseguição ou até agressões físicas, o que, na maioria das vezes, é contraditório, uma vez que ela prega o amor e a união. Constitui-se, assim, um crime de ódio que fere a liberdade e dignidade humana e precisa, portanto, ser coibido. Além disso, é necessário evidenciar que, embora seja constitucionalmente laico, o governo brasileiro tem uma evidente tendência ao cristianismo. Prova disso são os símbolos religiosos, como a cruz, que são comumente encontrados no interior de prédios públicos ou os benefícios às igrejas, como a isenção de imposto e a doação de terrenos. Essas atitudes remontam à colonização do país, na qual jesuítas, visando a ampliar o número de cristões no mundo, vinheram catequizar os índios, os quais consideravam pagãos, e determinaram o catolicismo como a religião oficial da colônia. No entanto, esse paradigma deve ser quebrado, já que vai contra a liberdade, favorecendo apenas um credo em razão de tantos outros. Diante disso, fica clara a importância, para a cultura brasileira, das diversas religiões e a necessidade do respeito mútuo entre elas. Para tanto, o governo deve manter-se laico, retirando as imagens cristãs dos espaços públicos e parando de beneficiar um determinado credo, além de punir os que comprometerem a liberdade do outro com multas. Aliado a isso, a mídia deve estimular a tolerância, por meio de reportagens que mostrem a convivência pacífica entre as diferenças. Dessa forma, criar-se-á uma sociedade menos intolerante, com respeito entre todos e liberdade assegurada.