A ascensão das revoluções técnico-científicas, no século XVIII, a partir do aprimoramento tecnológico, otimizou a divulgação de notícias no âmbito social. Todavia, não obstante, como sequela desse processo, houve também a elevação de “fake news” na sociedade contemporânea, as quais podem, direta ou indiretamente, influenciar no cenário político brasileiro, seja a partir da evidência de uma sociedade desestruturada intelectualmente, seja a partir da eleição de candidatos corruptos ao poder. Desse modo, convém analisar aspectos precípuos dessa situação, bem como caminhos para mitigá-la. Cabe pontuar, em um primeiro plano, a carência de senso crítico dos cidadãos. Nesse sentido, o método para obtenção de conhecimento, elaborado pelo filósofo René Descartes, consiste em colocar em evidência tudo aquilo que não é suficientemente conhecido, uma vez que o conhecimento verdadeiro é aquele que, mesmo submetido a diversos questionamentos, mantém-se inalterado. Nesse viés, pode-se dizer que conteúdos políticos distorcidos, divulgados nas páginas digitais, quando não são verificados pelos internautas, acabam alcançando grande parte da população como verdades absolutas. Logo, vê-se a ampliação das “fake news” como reflexo da falta do caráter analítico, por parte do tecido social. Vale ressaltar, ainda, a atuação das notícias falsas no quadro político do país. Segundo a obra “Memórias póstumas de Brás Cubas”, escrita por Machado de Assis, o homem é um ser corrupto e desprovido de virtudes. Sob esse viés, a propagação de “fake news” referentes às propostas políticas de certos candidatos que, muitas vezes, sequer fazem parte da alçada deles, contribui para a perpetuação da corrupção no sistema político nacional. Com isso, nota-se o alto grau de influência das “fake news” no processo eleitoral. Infere-se, portanto, a necessidade de medidas que combatam a elevação de notícias falsas no meio populacional. Nessa perspectiva, é mister a atuação das escolas na promoção do conhecimento acerca do sistema eleitoral aos discentes, por meio de aulas e debates realizados por professores de sociologia, a fim de que os discentes sejam instruídos sobre quais ações podem ser executadas em cada instância política e, dessa forma, despertar o senso crítico para a identificação de “fake news”. Outrossim, é essencial que o Poder Legislativo atue na criminalização da divulgação de “fake news” nas redes sociais, por intermédio da aplicação de multas ao autores do crime, com o fito de reduzir a influência dessas na escolha dos candidatos. Só assim, com a aplicação do método cartesiano, suplantar-se-á o pessimismo machadiano, e caminhar-se-á à suplantação da influência de informações falsas no meio político.