Na peça Otelo, de Shakespeare, o personagem Iago convence Otelo de que Desdêmona, sua mulher, era infiel. Otelo, imbuído pelos ciúmes que criara a partir das insinuações de traição, acabou por assassinar Desdêmona. De maneira semelhante à peça, o cenário político brasileiro é, atualmente, influenciado fortemente por notícias falsas. Nesse sentido, é preciso que a população assuma uma postura mais crítica em relação às ''fake news'', de maneira a mitigar os seus efeitos tão nocivos à democracia. Dentre os eventos recentes que envolveram a influência de noticias falsas, a eleição presidencial dos EUA em 2016, teve um grande lugar de destaque. Foi a partir daí que o termo ''fake news'' começou a se globalizar. O candidato Donald Trump, junto de seus apoiadores, atacavam a mídia americana chamando-a de ''fake news'' em todas as vezes que a mídia relatava algo contra o candidato. Tal forma nociva e irresponsável de lidar com a mídia já tem efeitos globais, haja vista o atual cenário de turbulência política no Brasil, tornando, assim, a propagação de ''fake news'' uma ameaça à democracia plena. Ademais, é importante salientar que as notícias falsas também são um meio efetivo para associar a imagem de minorias ao crime, e, muitas vezes, ao terrorismo. Como prova disso, em 2017, a imagem do povo muçulmano rohingya, que compõem 5% da população de Mianmar, era associada a guerrilheiros de conflitos nos anos 90. Semelhante fato evidencia que notícias falsas são maléficas não só à democracia, mas também aos direitos humanos. Logo, para que as ''fake news'' sejam amenizadas e o debate político torne-se mais saudável, é necessário que várias esferas ajam em conjunto. Para isso, é imperioso que o governo, em parceria com o MEC, financie projetos educacionais à população, e, através de ampla divulgação midiática, elucide à população a cerca dos prejuízos causados pelas notícias falsas. Deste modo, se levada a cabo tal política de conscientização, os ensinamentos de Shakespeare não terão sido em vão.