Na segunda metade do século XVII, a loucura deixou de ser o estranho habitual e foi encaixada em status de exclusão. Assim, os hospitais de internamento de loucos foram criados por toda a Europa. Esses hospitais, por sua vez, não tinham como objetivo curar ou tratar os internados. Sua motivação médica era nula e o objetivo de sua existência era enclausurar aquilo que a sociedade não queria ver e não poderia lidar. Hodiernamente, tal situação assemelha-se à luta cotidiana dos doentes mentais brasileiros, os quais buscam ultrapassar as barreiras as quais os separam de uma vida plenamente saudável. Nesse contexto, não há dúvidas de que a discussão acerca das doenças mentais é um desafio no Brasil o qual ocorre, infelizmente, devido não só à negligência governamental, mas também ao preconceito da sociedade. A Constituição Cidadã de 1988 garante tratamento adequado a todos os cidadãos, todavia o Poder Executivo não efetiva esse direito. Consoante Aristóteles no livro "Ética a Nicômaco", a política serve para garantir a felicidade dos cidadãos. Logo, se verifica que esse conceito encontra-se deturpado no Brasil à medida que a oferta não apenas do tratamento clínico adequado e gratuito, como também da preparação do número suficiente de profissionais especializados no cuidado com doentes mentais não está presente em todo o território nacional, fazendo os direitos permanecerem no papel. Outrossim, o preconceito da sociedade ainda é um grande impasse à conquista de uma vida social saudável pelos doentes mentais. Tristemente, a existência da discriminação contra doentes mentais é reflexo da valorização dos padrões criados pela consciência coletiva. No entanto, segundo o pensador e ativista francês Michel Foucalt, é preciso mostrar às pessoas que elas são mais livres do que pensam para quebrar pensamentos errôneos construídos em outros momentos históricos. Assim, uma mudança nos valores da sociedade é um fundamental para vencer o preconceito contra os doentes mentais. Portanto, indubitavelmente, medidas são necessárias para resolver esse problema. Cabe Ministério da Saúde desenvolver um projeto e publicá-lo nos meios midiáticos, o qual explique de forma clara e objetiva os sintomas das principais doenças mentais e como lidar com tais pessoas, com o objetivo de informar a população no geral e, por conseguinte, erradicar o preconceito contra tais doentes mentais. Ademais, o Governo Federal deverá construir mais hospitais destinados ao tratamento de doentes mentais, bem como ofertar um número suficiente de médicos especializados nesse âmbito. Dessa forma, a realidade distanciar-se-á daquela vivida na Europa no século XVII e os doentes mentais brasileiros terão uma boa qualidade de vida assegurada.