Título da redação:

A discussão de doenças mentais no Brasil

Tema de redação: A importância de se discutir doenças mentais na contemporaneidade

Redação enviada em 26/02/2019

Sob a perspectiva filosófica de Michel Foucault, em sua obra “História da loucura”, cada período histórico possui uma definição singular acerca dos doentes mentais, assim como uma maneira de inseri-los na sociedade. Hodiernamente, no Brasil, observa-se que a discussão dos transtornos psíquicos não PE efetiva, tendo em vista não só a forma superficial como os doentes são tratados, mas também o baixo envolvimento do poder público nas políticas de saúde psicológica. É evidente que muitos portadores de distúrbios mentais não são diagnosticados e tratados adequadamente, em razão das enfermidades mentais serem erroneamente associadas à falta de autocontrole dos doentes. Nesse viés, tratando-se de questões internas dos indivíduos, observa-se que os sintomas e os aspectos das doenças psicológicas são distorcidos e banalizados, e pela ausência de apoio e acolhimento de seu meio social, um número alarmante de enfermos evolui rapidamente de casos de ansiedade, por exemplo, para depressão e, consequentemente, adota comportamentos agressivos e ações contra a própria vida, sobretudo considerando-se a população jovem do Brasil, visto que o suicídio, de acordo com o Ministério da Saúde, representa a quarta causa de morte entre adolescentes. Outrossim, a precariedade de investimentos governamentais destinados à prevenção e à recuperação de doentes mentais é uma realidade brasileira desde o Período Imperial, visto que o Hospício Pedro II, criado em 1852, atuou de forma brutal e negligente no cuidado dos chamados, no período, de “loucos”. Dessa forma, persiste, no cenário atual, a insuficiência de clínicas públicas e especialistas nas instituições de ensino para suprir a demanda de pessoas que necessitam de apoio psicológico e incentivo para conviver consigo mesmas e com a sociedade. Nesse sentido, urge que o Ministério da Saúde, em parceria com o Ministério da Educação, crie projetos de extensão, por meio do envio de recursos pelo Estado, para oferecer psicólogos e psiquiatras nas escolas e nos hospitais públicos, a fim de garantir que mais indivíduos tenham acesso à ajuda de profissionais capacitados. Assim, o direito à saúde- assegurado pelo artigo 196 da Constituição Federal de 1988- tornar-se-á mais democrático, e a discussão sobre doenças mentais será efetiva.