Um senhor conhecido como Zumbi viveu em estado degradante, trabalhando dia e noite na plantação. Ainda com esperança de encontrar a liberdade, foge e salva milhares de civis que também sofreram a escravidão. O que gostaria de ser? Cidadão, seria a resposta. Provavelmente essa seria a resposta da maioria dos escravizados contemporâneos, que mesmo após a abolição da escravidão em 1888 se vêem obrigados a conviver concomitantemente à situações lastimáveis camufladas pelo conceito de "trabalho". Infelizmente parece que a população democrática e o artigo V da Constituição não condizem com a realidade na prática. Tornando a necessidade de medidas para reverter o quadro e garantir a supressão efetiva da escravidão. Primeiramente, é válido salientar a importância do Estado para a minoração da escravidão contemporânea. Isso por que é seu dever fiscalizar, punir e investigar os casos de sujeição laboral, garantindo o bem estar social. Milton Santos elucidou a "cidadania mutilada", destacando as condições para aplicar a dignidade humana expropriadas pela globalização, em uma sociedade com total possibilidade de garanti-las. Visivelmente tal realidade é aplicada, de modo que o Brasil não deixou suas raízes escravistas, já que, segundo dados do Inesc 70% dos recursos da Secretaria de Inspeção do Trabalho foram cortados em março de 2017, resultando na diminuição de operações e trabalhadores resgatados. Essa realidade se agrava visto que, não há auxílios e implementação de políticas públicas de acolhimento e capacitação das classes mais inferiores no mercado de trabalho. Sem opção, esses acabam se submetendo a realidades sub-humanas. Há outro fator intrinsecamente ligado a atual situação de escravidão contemporânea: a população. Como ser humano, a empatia e busca por punições aos criminosos deveria ser inerente aos valores morais. Esses não são executados pela maior parte dos civis, pois diariamente são presenciados casos de escravidão onde muitas vezes não há denuncia, além do não rompimento do ciclo escravocrata por meio do não consumo de produtos vendidos por empresas presentes na "lista suja" disponibilizada pelo Governo Federal. Dessa forma, torna-se necessário através através da educação, a efetuação de "cultura de paz" proposta por Paulo Freire, destacando a necessidade das escolas descreverem as injustiças sociais, para que a solidariedade seja aplicada na sociedade. Assim, conforme Comte, é necessário ver para prever e prever para prover. Destarte, aliado aos fatos supracitados, percebe-se a gravidade da atual situação trabalhista no Brasil e prever sua continuação caso medidas eficientes não sejam aplicadas. Então o Ministério do Trabalho deve intensificar as operações e punições aos criminosos, além da criação de projetos baseados no desenvolvimento social dos resgatados, por meio da qualificação laboral e garantia das necessidades básicas, outrossim, as instituições de ensino devem aplicar o conceito de Paulo freire para que haja maior engajamento social. Só assim, os civis como Zumbi poderão ter o sentimento de pertencimento na sociedade e poderão desfrutar da verdadeira liberdade.