Título da redação:

O real significado de vida após a morte

Proposta: A doação de órgãos no Brasil e seus principais desafios

Redação enviada em 17/03/2018

A mumificação, processo com o intuito de preservar o corpo físico na crença da vida após a morte, era uma prática comum no Antigo Egito. Hoje, mesmo com outros tipos de crença, familiares ainda persistem na preservação do corpo do ente falecido, dificultando ou mesmo impedindo o processo de doação de órgãos. Segundo a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), 43% das famílias de potenciais doadores foram contrárias à doação em 2016, e um dos motivos que mais chama a atenção é a vontade de preservar o corpo do familiar, provavelmente pela dificuldade do ser humano em lidar com a perda de um ente querido, que associa seu corpo à sua memória. Isso mostra a falta de informação sobre os procedimentos cirúrgicos realizados, que visam fazer a remoção dos órgãos que serão doados com cautela para, assim, preservar ao máximo a estética do doador. Além disso, o tipo de abordagem realizada pela equipe médica nem sempre é adequado ao momento delicado pelo qual a família está passando, provocando nela incertezas em relação ao laudo da morte e ao processo de doação. Do mesmo modo, esse despreparo por parte dos profissionais pode aparentar desrespeito em relação ao luto, causando a recusa da doação. Para mudar o cenário de insuficiência órgãos doados no Brasil, é necessário um planejamento da destinação de recursos pelo Ministério da Saúde para o fornecimento de cursos de capacitação aos profissionais que realizarão a entrevista com os familiares do possível doador, que devem ser ministrados anualmente dentro dos próprios hospitais por equipes de psicólogos e terapeutas ocupacionais hospitalares. Com o devido esclarecimento, a memória do ente falecido viverá em outros corpos, e não em sarcófagos esquecidos pelo tempo.