Título da redação:

No meio do caminho

Tema de redação: A doação de órgãos no Brasil e seus principais desafios

Redação enviada em 02/09/2017

No limiar da hodiernidade vivemos um grande dilema: os desafios para a doação de órgãos no Brasil. Por um lado, há o obstáculo tecnológico, limitado por falta de maiores investimentos na logística e nos transplantes. Por outro, a falta de diálogo entre o paciente-possível doador- e seus familiares sobre o assunto, faz deste um grande tabu que muitas vezes impede o processo de doação. Talvez nunca, como no momento histórico em que vivemos, a doação de órgãos foi tão discutida. Nesse viés, por limites de infraestrutura e tecnologia os transplantes ficam, em sua grande maioria, quase restritos aos de maior simplicidade no processo como os de córnea, enquanto os mais complexos como de coração, por exemplo, se tornam mais restritos. Dessa forma, diante destas falhas no sistema de saúde nacional, não basta apenas desejar ou defender propostas de mudanças, pois estas ações por si só não passam de palavras que se perdem na inércia. Por outro lado, a discursão sobre doação de órgãos ainda não chegou no cerne das famílias. Nesse sentido, contrariando a máxima de Bauman de que todos têm direito a uma segunda chance, o tabu criado sobre este assunto tão delicado, mas ao mesmo tempo tão importante, faz com que o obstáculo criado pelas famílias seja ainda maior que o tecnológico. Dessa maneira, enquanto a doação não se tornar algo considerado comum e o conjunto família-paciente não a enxergá-la como uma das maneiras mais nobres de ajudar o próximo, este ato continuará sendo como sonhos sem realidade: meras utopias. Parafraseando o poeta Carlos Drummond de Andrade, havia uma pedra no meio do caminho. Nessa perspectiva, os obstáculos da doação de órgãos no Brasil, representados pela pedra são: o limite tecnológico de grande parte dos hospitais brasileiros e a falta de diálogo entre o paciente e a família. Para reverter esse quadro, o Estado deverá destinar parte dos impostos devidos à Receita Federal para ampliação de programas de doação e transplantes de órgãos, com o intuito de tornar este processo mais acessível e assim poder salvar vidas, que dantes eram simplesmente perdidas. Além disso, é necessário que a mídia, através dos meios de comunicação de massa, crie campanhas incentivando o a doação de órgãos, principalmente em casos de morte encefálica, com o intuito de fazer com que o este tema seja mais discutido entre os pacientes e seus familiares. Outras medidas devem ser tomadas, mas, como apregoava Oscar Wilde: " o primeiro passo é o mais importante na evolução de um homem ou nação."