Título da redação:

Múltiplos

Tema de redação: A doação de órgãos no Brasil e seus principais desafios

Redação enviada em 31/10/2017

A doação de órgãos é um gesto de generosidade e de suma importância para a continuidade da vida. Ela é feita em casos de morte encefálica comprovada e apenas mediante autorização familiar, podendo salvar até oito vidas. Segundo dados do Portal Brasil, cerca de 40 mil pessoas compõem a fila de espera para serem transplantadas. Todavia, os principais desafios no tocante a esse tipo de doação são a recusa das famílias a autorizarem o procedimento e a insuficiência das estruturas necessárias. Primeiramente, a resposta negativa dos familiares se destaca como a principal causadora do baixo número de órgãos doados. Isso ocorre porque os parentes desconhecem a vontade do seu ente sobre essa atitude, desconfiam de que o óbito possa ser acelerado e de que o paciente não receberá todos os tratamentos possíveis ou resistem ao fato de que a morte cerebral seja irreversível, uma vez que os órgãos continuam funcionando. Assim, como a lei 9.434, de 1997, a qual rege a doação de órgãos no Brasil, define o consentimento familiar como única via para legitimar o procedimento, todos esses fatores aliados ao momento de dor da família acabam contribuindo para que muitos doadores em potencial sejam enterrados com seus órgãos saudáveis e em plenas condições de transplante. Dessa forma, prejudica-se a ciclagem dos compostos, prevista na lei da conservação da matéria, na qual o químico francês Lavoisier concluiu que "na natureza nada se cria, nada se perde, mas tudo se transforma". Outrossim, a iniquidade da distribuição de infraestruturas específicas para a realização segura de transplantes também dirime a rapidez de todo o processo de doação. Tal relação se explica principalmente pelo reduzido número de profissionais especializados nesse tipo de cirurgia e pela concentração das unidades médicas habilitadas nas regiões sul e sudeste, colocando o sucesso do transplante como dependente de uma logística que transporte não só o paciente receptor para uma dessa unidades, mas também o órgão, respeitando os tempos de sobrevida e funcionamento que cada um possui fora do corpo. Nesse sentido, até mesmo a área do cinema já abordou esse tema, como o documentário "Anjos da vida", o qual relata a luta de equipes médicas para realizar o encontro entre órgão e paciente no tempo adequado. É irrefutável, portanto, que a melhoria no cenário brasileiros de transplantes depende do enfrentamento a esses desafios. Para tanto, o Ministério da Saúde deve esclarecer e informar a sociedade sobre o procedimento e os efeitos da doação de órgãos por meio da campanha televisiva "A vida continua", explicando o que é a morte encefálica e que ela não pode ser revertida, mostrando depoimentos de famílias que autorizaram a remoção dos órgãos de seus parentes e revelando exemplos reais de pacientes que estavam na lista de espera e foram salvos por um transplante, a fim de reduzir ao máximo a resistência das pessoas em aceitarem esse processo, desmistificar o medo relacionado a ele e conscientizar o quanto essa atitude é preciosa para salvar vidas. Além disso, o Governo Federal deve criar mecanismos que incentivem os indivíduos à manifestação de suas opiniões através de emenda complementar à lei 9.434, a qual preveja a inclusão compulsória da informação sobre o desejo de ser ou não doador nos documentos pessoais, como identidade, cpf e carteira de motorista, objetivando aumentar o número de doadores e reduzir os casos de transplantes perdidos por nunca se ter comentado sobre o assunto em família. Paralelamente, deve ampliar a rede de estruturas para transplantes, construindo núcleos cirúrgicos com salas de cirurgias específicas dentro dos hospitais públicos em cada estado do país e subsidiando essa residência médica, fitando acelerar o processo entre morte e transplante e aumentar a equipe de médicos para essa atividade. Dessa maneira, esse conjunto de medidas possuem alta factibilidade para transpôr as barreiras da doação de órgãos, transferindo vida de um ser a outro em um ciclo contínuo de renovação e esperança. Obs: Embora esta redação pareça muito grande, devido ao tamanho da letra do site,o rascunho manuscrito dela cabe no espaço padrão do enem. Peço que compreenda. Obrigada!