Título da redação:

Esclarecer e estruturar para doar

Tema de redação: A doação de órgãos no Brasil e seus principais desafios

Redação enviada em 01/09/2017

Nos últimos anos, o Brasil se destacou como líder em transplantes de órgãos pelo sistema público de saúde. Todavia, ainda existem alguns desafios que impedem uma ampliação da doação de órgãos no país. Isso porque, apesar da capacidade de doação, o Brasil ainda peca na escassez de informação e discussão e na deficiente infraestrutura dos hospitais públicos, o que impede que vidas sejam salvas todos os dias. A psicanálise de Freud mostra que o novo sempre desperta certo repúdio por parte dos seres humanos, afinal, é algo incomum ao seu cotidiano e experiência de vida. Isso é exatamente o que se observa em relação à doação de órgãos no Brasil, a qual é ameaçada diariamente pela falta de informação e discussão no cenário nacional. Famílias que perderam seus entes queridos são abordadas de forma inesperada e, muitas vezes, truculenta, sem ao menos terem discutido o assunto com o possível doador durante sua vida. Dessa forma, assustadas e deficientes de esclarecimento sobre temas como a morte encefálica, as famílias preferem optar pela não doação. Em contrapartida, nos países como EUA e Espanha, onde a população é esclarecida desde cedo nas escolas, o momento da doação é menos impactante para as famílias. A necessidade de alavancar a doação de órgãos no Brasil é real e imprescindível, uma vez que existem várias pessoas à espera de um transplante. Entretanto, o aumento das doações não resolverá o problema se o SUS não contar com infraestrutura mais adequada à conservação dos órgãos e transplantes. Muitos hospitais públicos, principalmente aqueles afastados dos grandes centros, não possuem estrutura adequada para coleta de órgãos e transferência desses para os locais onde são solicitados. Assim, as doações são perdidas e mais pessoas permanecem na lista de espera. Portanto, escolas e empresas públicas e privadas devem desenvolver programas de discussão sobre a doação de órgãos a fim de estimular o diálogo familiar sobre essa importante ação. A Secom, por sua vez, aliada à ABTO e com recursos disponibilizados pelo Governo Federal, deve investir em propagandas maciças de TV, rádio e internet que mostrem a importância do transplante na vida das pessoas, visando aumentar as doações. Além disso, o SUS deve ampliar os mecanismos de treinamento de seus funcionários para promover uma abordagem mais cordial às famílias quanto à doação. Com a sociedade esclarecida e estrutura adequada, será possível ampliar os transplantes.