Título da redação:

Doando vidas

Tema de redação: A doação de órgãos no Brasil e seus principais desafios

Redação enviada em 01/11/2017

Desde o primeiro transplante de órgãos bem sucedido, realizado na década de 1950 nos Estados Unidos, o avanço da medicina e da bioética permitiu o salvamento de milhares de vidas a partir da doação de órgãos e tecidos humanos para pacientes com partes do corpo danificadas ou com tumores. No Brasil, contudo, há uma barreira ainda a ser transposta: a falta de informação e o preconceito. No filme Sete Vidas, de 2008, o protagonista Ben Thomas realiza uma série de procedimentos de doação como a de medula espinhal e de rim, no intuito de salvar a vida de sete pessoas, e ao final tira sua própria para doar seu coração à mulher amada. Fora das telas, o procedimento padrão tem início quando uma pessoa é acometida por morte encefálica. Seguindo a Constituição brasileira de 1988, dois médicos especializados confirmam o perecimento do cérebro do paciente, cabendo, em seguida, à família decidir se aceita ou não a doação de órgãos. Um grave problema se instala nessa etapa: a taxa de recusa das famílias é muito alta e, apesar de estar em constante declínio, era de 47% em 2013, segundo dados da ABTO (Associação Brasileira de Transplante de Órgãos). Nos casos de aceitação, os pacientes nas primeiras posições da chamda "fila" de espera para o transplante - que é contituída por cerca de de 40 mil pessoas - são contatadas e suas informações checadas para a confirmação do procedimento. A principal justificativa das famílias para a negação do pedido para doação é o fato de nunca ter havido o diálogo familiar sobre o desejo de doar, sendo, por conta disso, uma medida muito importante a ser tomada ainda em vida. Outra dificuldade do país para sua plena atuação no ramo são as grandes distâncias continentais do Brasil e a concentração de médicos especializados e centros de transplante nas regiões Sul e Sudeste, inviabilizando muitas operações nas demais regiões, já que certos órgãos e tecidos humanos não podem mais ser transplantados após determinado tempo, como o coração e o pulmão, cujo tempo máximo de preservação extracorporal é de 4 a 6 horas. Tendo isso em vista, medidas são necessárias para resolver o impasse. A Receita Federal deve investir uma maior parcela dos impostos arrecadados para a implantação de centros de doação nas cinco regiões, bem como médicos especializados e mais jatos ou helicópteros para transporte, pois assim mais brasileiros teriam acesso a esse serviço. Cabe ao Governo Federal do Brasil criar mais campanhas publicitárias para informar a população acerca do tema e incentivar a conversa em família sobre as doações, pois como disse o físico-químico James Dewar, "mentes são como paraquedas, só funcionam quando são abertas".