Título da redação:

Doação de órgãos e seus obstáculos intransigentes

Proposta: A doação de órgãos no Brasil e seus principais desafios

Redação enviada em 24/08/2017

O conservadorismo da população brasileira, fortemente influenciada por valores religiosos e pela sacralidade do corpo , constitui-se num forte impeditivo para a doação de órgãos no país. Por consequência disso, fomenta-se o problema da falta de órgãos para transplante, que segundo a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), quase metade das famílias se recusam a doar órgão de parente com morte cerebral. Diante disso, é urgente a atuação do Estado em desenvolver políticas que melhor administrem essa situação. Em primeira análise, deveriam ser tomadas medidas de conscientização, dada a criticidade da falta de conhecimento da população sobre questões que envolvem a saúde. Tomando como exemplo a doação de sangue, verifica-se um notável desequilíbrio entre aqueles que doam voluntariamente e aqueles que doam por motivo de reposição. Isso acontece porque as ficções que afastam o indivíduo dos bancos de sangue, como, por exemplo, a falácia de que o sangue fica mais grosso ou que o mesmo será contaminado por AIDS, são maiores que os motivos que o aproxima. Percebe-se também que o sistema de saúde carece de maior proatividade em realizar campanhas que façam a sociedade aderir a ideia da doação de órgãos. Obviamente, se não existe a preocupação do Governo Federal em reestruturar a administração desse sistema, que poderia ser feita incrementando o orçamento e destinando profissionais para esse fim, permitindo assim o desenvolvimento dessas atividades, haverá continuidade do status quo desse cenário. Conquanto, os princípios morais da sociedade brasileira, sustentados por traços religiosos que concebem o corpo como abrigo do espírito, contribuem para agravar o problema, uma vez que estão relacionados diretamente com a sua incolumidade. Tal atitude suscita um curioso paradoxo: enquanto a decisão de doar deveria ser a de quem é dono do órgão, obviamente um morto não tem opção de escolha. Por isso, é importante que mesmo esse sendo um assunto extremamente sensível e até mórbido por demais, deve ser debatido dentro do seio familiar. Entretanto, isso não se dará de outra maneira senão pelo incentivo dos agentes e do sistemas de saúde, que devem aos poucos levantar esse tema até que o mesmo não seja mais um tabu na sociedade. Diante dos fatos supracitados, cabe mobilizar agentes e ações para solucionar devidamente o problema. Primeiramente, cabe ao Governo Federal, por intermédio do Ministério da Saúde, em parceria com as Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde, promover uma campanha que adentre a mídia televisiva e as redes sociais no sentido de elucidar a população sobre o questão. Ademais, esse debate também deve chegar as escolas, alunos, professores, ser incluído em material didático e atividades extracurriculares. Por fim, os agentes mencionados devem implementar um programa de visitação domiciliar utilizando profissionais da saúde, a fim de esclarecer a importância da doação de órgãos e dirimir eventuais preconceitos e idéias preconcebidas.