Título da redação:

Corrida e espera: um paradoxo existente

Tema de redação: A doação de órgãos no Brasil e seus principais desafios

Redação enviada em 31/10/2017

A série sob pressão, produzida pela Rede Globo de Televisão, aborda uma temática ainda delicada no cenário brasileiro: a doação de órgãos. Análogo ao título nos deparamos com o paradoxo de espera e corrida contra o tempo de profissionais de saúde, para a realização do transplante, bem como a e espera de pacientes que aguardam um órgão compatível, portanto é de suma importância a consciência do corpo social brasileiro na doação de órgãos. É tácito que a comunicação entre os indivíduos e seus familiares é um hiato, pois há um tabu social acerca da morte que afeta a doação de órgãos para pacientes ativos em lista de espera. Neste sentido o filósofo alemão Jurgen Haben disserta em sua tese sobre a racionalidade comunicativa, no qual o sujeito contemporâneo é fechado para uma relação intersubjetiva visando o consenso, logo não há uma comunicação efetiva com o sujeito e o próprio mundo de vida. Deste âmbito, segundo o Ministério da Saúde em 2015, 40% das pessoas que declararam ser doadoras não comentaram com seus familiares, revelando-se então uma problemática mencionada por Haben sobe a falta de comunicação e a consequência na doação de órgãos. Outrossim, segundo dados da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) em 2014 houve um crescimento de 3% comparado ao ano anterior, em que 7.898 órgãos foram doados, mas em contrapartida a taxa negativa familiar é alta, por volta dos 46%. Esta reclusa à doação implica-se principalmente pela desconfiança do serviço público de saúde, atrelado também na maioria dos casos ao despreparo de médicos em lidar e divulgar a notícia do falecimento com as famílias, mais ao ideal de famílias que acreditam na ressurreição após a morte. Assim a desmistificação é importante ao passo que o individuou que tem a ação de doar, tem um importante papel na sociedade civil, pois conforme Aristóteles a ação ou omissão de um indivíduo reflete diretamente no outro, pois hoje a pessoa não necessita de doações de órgãos, mas ela pode ser dependente do outro no futuro próximo. A fim de atenuar o paradigma vigente no Brasil pós-moderno, medidas são necessárias para corrigir a falha de comunicação e promover uma sociedade mais coletiva. Cabe ao Ministério da Saúde promover em seus meios midiáticos, como jornais, revistas e redes sociais informações ao público sobre a importância da doação e o impacto positivo que irá incidir às milhares de pessoas em lista de espera, como também ao Conselho Regional de Medicina engajar e preparar médicos para abordar com sucesso famílias sobre a doação , e conseguir cada vez mais diminuir o paradoxo existente na sociedade.