Título da redação:

A questão da doação de órgaos

Proposta: A doação de órgãos no Brasil e seus principais desafios

Redação enviada em 17/10/2017

De acordo com os filósofos utilitaristas, a ética (ação) deve ser usada para maximizar o prazer do maior número de pessoas ou vice-versa. À vista de tal princípio, percebe-se que a doação de órgãos no Brasil corrompe essa ideia, seja pela falta de diálogo familiar e social ou pela falta de incentivos adequados. Comprova-se isso pelos baixos índices de doação e com o levantamento de causas realizado pela Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO). Em primeiro plano, vale ressaltar a influência do ‘’habitus’’, conceito proposto pelo sociólogo francês Pierre Bourdieu, o qual evidencia a hereditariedade de práticas sociais por duas razões: suas essências supostamente naturais e a falta de questionamento frente essas práticas. Nesse sentido, o fato de sempre enterrarem os mortos com os órgãos é um empecilho para a doação de órgãos, ainda mais quando esse processo carece de diálogo familiar ou social; isto é, se uma prática é realizada repetidas vezes e ninguém conversa sobre isso, é muito provável que ela continue ocorrendo. Além disso, destaca-se também a “mercantilização dos valores sociais”, evidenciado no incentivo fiscal-monetário das políticas neoliberais e na argumentação de pensadores como Robert Nozick e Milton Friedman. Segundo eles, o ser humano instintivamente responde a incentivos. Seguindo essa linha de pensamento, o fato de não haver doadores suficientes denota a existência de incentivos insuficientes, monetários ou não. Nessa perspectiva, fica evidente a importância do diálogo social e familiar e a existência de incentivos adequados. Dessa forma, é dever da família e da sociedade conversar sobre a questão para que o habitus seja quebrado e se construa outro. E dever do Estado fornecer os incentivos adequados, como a noção do imperativo categórico ou dinheiro. Ademais, urge que as escolas e universidades discuta as teorias éticas, a fim de fornecer para o cidadão, no mínimo, o repertório necessário para deliberar sobre questões que envolvem a vida do outro. Assim, poder-se-á atenuar o problema.