No Brasil, poucos são aqueles que compreendem a doação de órgãos em toda a sua complexidade. A falta de informações sobre esse assunto e certas crenças religiosas fortalecem o maior desafio desse processo, a recusa familiar. Por isso, é preciso considerar que, embora tenha as suas origens fincadas no passado, esse problema afeta o presente e requer iniciativas oportunas para que não se perpetue no futuro. A princípio, faz-se necessário revelar a forma superficial e simplista de como muitos brasileiros compreendem o sentido e o valor da doação de órgãos no contexto atual. Em geral, nota-se uma fraqueza intelectual em relacioná-la a um tabu, evitando esse assunto na roda familiar e gerando falta de informações. Assim, com essa linha de raciocínio, persistem equívocos que, nos últimos anos, tem deixado sequelas nefastas as quais poderiam ser evitadas. Sem dúvida, a discussão sobre a doação de órgãos não deve se afastar do estudo acerca da recusa familiar. No Brasil, apenas 53% das famílias aceitam doar quando há morte cerebral, nesses casos ocorre parada definitiva e irreversível do cérebro e do tronco cerebral, e que em poucos minutos o organismo todo entrará em processo de falência. Diante disso, revela-se o quanto o protagonismo social é imprescindível aos processos de mudança. De todo certo, é preciso suplantar o passado e ir além dos discursos vazios, considerando que as pessoas na lista de transplantes demandam por ações rápidas e eficientes. Portanto, é necessário que haja uma conscientização tanto por parte do Estado quanto das famílias sobre a doação de órgãos e seus benefícios. Assim, com o tempo, o número de pacientes à espera de um milagre diminuirá.