Na música “Duas Cidades”, a banda Baiana System relata uma divisão de cidades entre alta e baixa, na qual pode-se fazer alusão a uma discrepância de cultura nas duas. Hodiernamente, a falta de acesso a movimentos culturais é uma realidade presente no Brasil. Dessa forma, a desigualdade social é um fator dessa problemática, que permite um distanciamento da arte em boa parte da população, como também, o fato da elitização cultural, que se mostra como um fator quando esta possui somente o intuito de obter lucro com a cultura. Mormente, observa-se que a democratização das manifestações culturais é apenas uma utopia. Embora existam diferentes tipos de apresentações artísticas, tanto na dança como no cinema, é inegável como elas estão unicamente em grandes centros urbanos, e dificilmente chegam em ambientes suburbanos. Além disso, os preços para frequentar esses lugares são demasiados para um cidadão de classe média e pobre, por exemplo. Dessa maneira, é possível agregar o pensamento do filósofo Confúcio: “A cultura está acima da diferença da condição social”. Outrossim, verifica-se que diferentemente da reflexão de Confúcio, o entretenimento cultural é restrito a uma parcela da sociedade. Em virtude da cobiça por capital, a cultura foi elevada a um nível de “indústria” devido a sua capacidade de dispor lucros. Assim sendo, os sociólogos Adorno e Horkheimer, representantes da Escola de Frankfurt, elaboraram o conceito de “Indústria Cultural” e criticam a forma como a arte tornou-se um comércio na era globalizada. Dessarte, vê-se como a cultura é importante para uma sociedade e a sua democratização é de suma relevância. Portanto, para que os movimentos culturais se manifestem em todos os ambientes, urge que o Ministério da Cultura invista na criação de programas sociais que viabilizem a música, a dança e o teatro em áreas periféricas, por meio de incentivos aos artistas da própria comunidade. Bem como, para que a cultura não se torne somente um valor comercial, mas também social, é necessário que os meios midiáticos produzam campanhas que manifestem o mau uso da indústria cultural como meio de gerar lucro e assim fazer valer o pensamento de Confúcio.