É incontestável que a democratização da cultura fortalece os laços de cidadania em uma nação. Todavia, apesar de seus benefícios, os baixos incentivos governamentais, em conjunto com fatores socioeconômicos, são barreiras que impedem o acesso de grande parte da população ao acervo cultural nacional, uma vez que tais aspectos impõem restrições econômicas e geográficas para a sua popularização. Nesse sentido, convém analisar as causas e consequências dessa problemática, no Brasil. Em primeira análise, cabe pontuar que, embora existam leis de incentivo à cultura, como a Lei Rouanet, os investimentos estatais para o setor não permitem a plena participação social nesse âmbito, visto que a maior parte da população brasileira, principalmente a de baixa renda, não possui acesso às exposições culturais disponíveis no país. Comprova-se isso por meio de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em que é possível notar que mais de 92% dos brasileiros nunca foram a um museu ou exposição de arte e cerca de 70% nunca assistiram a um espetáculo de dança. Desse modo, percebe-se que medidas são necessárias para atenuar esse impasse. Ademais, convém frisar que, como consequência do argumento supracitado e de heranças históricas do período imperial, grande parte das exibições culturais tornaram-se restritas a classes e regiões específicas da sociedade, haja vista que, em conjunto com aspectos socioeconômicos que prejudicam sua difusão democrática, a ausência de determinados acervos em certas localidades dificulta sua popularização. Uma prova disso está em dados da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), os quais deixam evidente a disparidade na disseminação dessas exposições ao longo do território brasileiro, já que é possível notar que em muitos municípios não há biblioteca, museu, cinema ou acesso à internet e a maioria destes se localizam nas regiões Norte e Nordeste do país. Dessa forma, nota-se que há a indispensabilidade de se criar políticas públicas que permitam amplo acesso à cultura ao longo do extenso território nacional. Destarte, indubitavelmente, medidas são necessárias para superar o problema em questão. Para isso, é imprescindível que o Governo Federal, em parceria com o Ministério da Cultura, além de aumentar os investimentos direcionados ao setor, a fim de aprimorar projetos já existentes, deve criar campanhas que visem democratizar a cultura no país, com o objetivo de levar produções artísticas e cinematográficas às escolas da rede pública de ensino, com o intuito de abrir o espaço para participação de toda a comunidade, por intermédio de parcerias com empresas privadas que forneçam os materiais necessários em troca de descontos tributários, com o propósito de que o tecido social, enfim, possa apreciar a diversidade de costumes, ritmos, festas e tradições existentes no Brasil e, então, fortalecer seus laços de cidadania com a nação.