Título da redação:

Platão e a Economia sem Planejamento

Tema de redação: A deficiente educação financeira no Brasil

Redação enviada em 17/09/2016

Ao longo do processo de formação do Estado Brasileiro, do século XVI ao XX, houve um período conhecido como "Regime Militar". Nesse ínterim, ocorreu um grande desenvolvimento no país, que ficou marcado como "milagre econômico". Motivados pela economia cresceste, os governantes começaram a fazer uma série de obras custosas, como a Ponte Rio-Niterói e a Usina de Itaipu. Entretanto, após um breve espaço de tempo dessa prosperidade, a economia desaqueceu, e o Brasil teve de contrair dívidas exorbitantes para finalizar tais obras. Analogamente, a falta de educação financeira e a perversa cultura de gastar dinheiro que não tem, sem pensar no futuro, estão intrínsecas no brasileiro, criando situações paralelas ao ocorrido após o dito Milagre Econômico. É notório que, com o advento dos crediários, muitas pessoas acabam criando a ilusão de poder gastar dinheiro além dos limites do saldo de suas contas bancárias. Dados do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) apontam que 37% dos consumidores apenas se preocupam com o valor da prestação que irão pagar, sem levar em conta fatores como o planejamento prévio da necessidade da compra de determinado produto ou os juros envolvidos na transação. Além disso, as empresas que cedem o crédito utilizam os mais sofisticados meios de atração dos consumidores, como o uso de comerciais de televisão e a criação de centrais de telemarketing especializadas em atrair novos clientes - principalmente os sem autocontrole financeiro. Outrossim, a fraca educação financeira da população contribui exponencialmente para o número de pessoas endividadas no país. Um levantamento do Banco Central, realizado no ano de 2015, revelou que 46% das famílias no Brasil estão em dívida com instituições financeiras, o que denota a falta de planejamento na economia familiar. Além disso, de acordo com "A República", livro escrito por Platão, o Estado tem o dever de atuar garantindo as necessidades do cidadão. De maneira análoga, é possível estabelecer um paralelo entre o filósofo e a situação atual brasileira, haja vista que, como não há programas que visam estimular o planejamento financeiro da população, o número de endividados tende a crescer, Assim, faz-se necessário que os governantes tomem medidas educacionais que contenham esse avanço. Infere-se, portanto, que a deficiente educação financeira no Brasil tem origens históricas, culturais e sociais. A fim de atenuar a problemática, o Poder Legislativo deve criar, votar e aprovar leis que forcem os comerciantes e instituições financeiras a explicitarem, quando em compras parceladas, o valor final do produto com juros - em letras legíveis. Em consonância, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Comunicações pode contratar profissionais programadores, para que esses criem aplicativos que ajudem no controle das finanças familiares. Ademais, o Ministério da Educação pode trabalhar em conjunto com ONGs de cunho educacional, como a ONG "Youth Opportunities", com o objetivo de realizar palestras em escolas e universidades, sendo ministradas por especialistas em economia familiar, para que as crianças e os jovens possam ter o papel de atores sociais, instruindo familiares e amigos o que foi-lhes ensinado. Dessa forma, com base na "República", proposta por Platão, os milagres econômicos poderiam acontecer sem serem procedidos por exorbitantes dívidas, e a educação financeira seria gradativamente absorvida pela população brasileira.