Título da redação:

Os débitos da educação financeira

Tema de redação: A deficiente educação financeira no Brasil

Redação enviada em 17/09/2016

A atual conjuntura econômica mundial baseia-se no princípio capitalista de obtenção do lucro. Dessa forma, tem-se a disputa por mercados consumidores e a construção de uma ideologia consumista. Essa doutrina vem evoluindo e formando um complexo sistema que visa influenciar no estilo de vida e no comportamento dos indivíduos. Logo, o conhecimento financeiro tem se tornado cada vez mais útil na perspectiva de evitar as armadilhas que o capitalismo impõe aos brasileiros. A princípio, é importante salientar que as características religiosas podem influir no nível de consciência monetária de uma nação. A título de exemplo, temos o catolicismo que prega a humildade e a caridade, ou seja, o menor acumulo de bens como meio de salvação. Por outro lado, a Ética Protestante de Calvino, oriundo da Reforma Religiosa, propõe a predestinação divina sendo o trabalho e a obtenção de riqueza sinais de proximidade com Deus. Esse aspecto foi usado por Max Weber para indicar o surgimento das grandes sociedades capitalistas. Nesse ínterim, o Brasil, sendo um país de maioria Católica, apresenta grande desigualdade social e ocupa a 74ª posição em uma pesquisa feita pela agência Standard & Poor’s que avaliou o nível de educação financeira de cada país. No topo do ranking se encontram países desenvolvidos e protestantes, como a Noruega com mais de 80% da população seguindo a religião. Além desse aspecto cultural e religioso fica evidente a associação entre a riqueza e a distribuição de capital ser maior entre os cidadãos com maior grau de educação econômica. Esse diagnóstico é um reflexo dos hábitos de consumo dos brasileiros e da acessibilidade aos instrumentos bancários. Segundo estudos do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) 85% da população não planeja suas compras e 74% não possui nenhum tipo de aplicação, como a poupança. Assim, a compra compulsória, induzida pelos preceitos do sistema, e a ausência de um juízo de prevenção econômica, por aspectos religiosos, representam um débito ao desenvolvimento da economia do país. Fica claro, portanto, que é necessário promover a educação financeira no Brasil. Em vista disso, cabe ao Governo Federal instituir, no mínimo, o ensino de economia doméstica no currículo escolar. Ademais, deve haver um esforço por parte da família estimulando o hábito de poupar, propondo mesadas e o controle de gastos desde a infância. E por fim, cabe ao terceiro setor, ONGs e a mídia, produzir campanhas publicitárias com a finalidade de instigar os indivíduos a conhecer e a utilizar com eficiência os mecanismos desse capitalismo selvagem.